Restrição de renda estimula consertos
Orçamento apertado incentiva ramo de reparo de aparelhos eletrônicos
Vale mais a pena comprar um produto novo ou consertar o usado com defeito? Cada vez mais brasileiros ficam com a segunda alternativa. Isso fica evidente com o aumento da procura por assistências técnicas, que dá corpo ao mercado de manutenção – principalmente de equipamentos eletrônicos, mas também de outros bens de consumo, como roupas e automóveis.
Segundo o professor da FEA-USP e responsável pelo Programa de Varejo da FIA (Provar), Claudio Felisoni, o aspecto mais imediato a se levar em conta na composição do cenário é a crise econômica e a restrição de renda da população. “A previsão revisada de crescimento da economia está em 1%. Isso impacta violentamente no emprego. Dessa forma, vendas são postergadas e a manutenção – da casa, de aparelhos e itens de consumo pessoal – tem mercado favorável. É um sinal recessivo de um crescimento pífio.”
A segunda razão é mais estrutural e tem a ver com a mudança das condições de emprego. “Hoje, no Brasil, estamos começando a emular padrões internacionais de consumo. As pessoas acabam fazendo elas mesmas algumas operações ou necessitam de pessoas para fazê-las. E no Brasil há uma grande carência de profissionais especializados. Quem consegue operação eficiente tem uma grande oportunidade de mercado”, diz Felisoni.
É o caso da ConsertaSmart, rede de franquias de assistência técnica para smartphones e tablets. “A ideia inicial era expandir com lojas próprias. Ao abrir a segunda unidade, percebi que não conseguiria estar nas duas ao mesmo tempo e a qualidade do serviço vinha porque eu, proprietário, estava no local. Foi aí que pensei no modelo de franquia”, diz o fundador, Felipe Marchese. Atualmente, além da unidade própria em Campinas (SP), a rede tem 374 lojas espalhadas pelo Brasil – todas franqueadas.