O Estado de S. Paulo

Moda integra físico ao online

Marcas precisam se adaptar às vendas na internet para sobreviver

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O setor de moda encontra-se diante de um desafio: integrar suas lojas físicas com seus canais digitais. Assim como aconteceu e acontece em segmentos importante­s do varejo, como o de móveis e produtos esportivos, as redes do setor precisam se atentar para essa tendência inevitável. E quem quer investir na área, deve, na opinião dos analistas, procurar por empresas com estratégia­s definidas de integração.

A moda infantil, por exemplo, pode é um nicho que tem conseguido lidar bem com essa equação. Até pela natureza do cliente (as crianças trocam de tamanho de peças com muita rapidez), a presença física da loja ainda se impõe.

Para Walkiria Carvalho Aquino, sócia da rede de franquias Pezinho & CIA, com exceção do primeiro trimestre deste ano, as vendas têm sido constantes há pelo menos três anos. “Os pés das crianças crescem rapidament­e e os pais precisam comprar calçados novos. Não é algo que se pode postergar por muito tempo”, diz a empresária.

O diferencia­l da empresa, segundo Walkiria, consiste no foco em presentes para crianças e por agregar em uma loja as melhores marcas de calçados para o público infantil e adulto. Para ela, o comércio eletrônico não tem afetado muito a dinâmica de vendas. “A influência do e-commerce depende do segmento. Se os clientes já conhecem a marca e o molde das roupas, fica mais fácil (comprar pela internet).”

Segundo a empresária, os pais ainda preferem não arriscar ao comprar produtos para seus filhos e optam por levá-los até as lojas para provarem.

Para Walesca Pinheiro Soares, franqueada da Calçados Bibi no Rio de Janeiro, franquia que possui marca e design próprios e conta com 110 lojas em 23 Estados, é preciso fazer com que o e-commerce compre da loja, retirando o produto de seu estoque e incentivan­do o cliente a ir até o estabeleci­mento, economizan­do desta forma o frete.

“A Bibi necessita dos sites multimarca­s como canal de distribuiç­ão. As franquias representa­m 30% das vendas. O cliente não vê o canal, mas a marca.” Segundo relata, agora clientes chegam às lojas mostrando produtos 30% mais baratos em páginas da internet. Ela diz que sites que têm vendido produtos da marca por preços muito menores do que o sugerido estão sendo cortados das vendas.

De acordo com Andrea Kohlrausch, diretora de varejo da Bibi, a empresa tem investido na integração digital com as lojas físicas e também em outras ferramenta­s tecnológic­as como inteligênc­ia artificial e capacitaçã­o da rede por meio de aplicativo. “Nós criamos um ‘ninho de inovação’, que permite que toda a rede, desde fornecedor­es, funcionári­os até franqueado­s, possa enviar ideias e as melhores são implementa­das”, afirma.

Alta. Apesar da crise econômica, o campo da moda conseguiu manter bons resultados de faturament­o entre 2016 e 2017, saindo de R$ 20,4 bilhões para R$ 21,8 bilhões em receita, o que representa uma variação de 7%. Em número de unidades, no entanto, apresentou leve queda de 0,1%.

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JF DIORIO/ESTADÃO Alta de 7%. Setor conseguiu manter bons resultados de faturament­o entre 2016 e 2017

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