Varejo reduz dependência de shopping
Franquias se estabelecem em outros espaços, como condomínios e hotéis
Apontada por consultores do ramo e por pesquisas realizadas pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), o surgimento de novos pontos de venda para além do shopping center já é uma tendência consolidada do varejo brasileiro. São condomínios residenciais e comerciais, universidades, clubes, hotéis e até hospitais que cedem parte de seu espaço para a instalação de redes de comércio e serviços.
“Em uma universidade é possível ter de 5 mil a 10 mil pessoas circulando por dia, por exemplo. Muitas vezes o franqueado não tem esse fluxo em determinadas lojas de rua”, destaca o coordenador de marketing do Insper, Silvio Laban.
O surgimento desses modelos é reflexo da evolução do consumo, acredita a consultora de varejo e franquias Ana Vecchi. “Essa mutação é natural e necessária. Significa uma adequação de mercado e não necessariamente tem relação com a crise que vivemos nos shoppings centers, com o alto número de fechamento de lojas”, afirma.
O presidente da Cherto Consultoria, Marcelo Cherto, alerta que o importante é estar perto do consumidor. “Buscar novos formatos é sempre válido, mas é preciso focar no cliente final, ele tem de estar ali. Existem vários locais de circulação para serem explorados e a franquia deve acompanhar isso. Hoje, é possível ter de loja móvel até duas lojas dentro do mesmo espaço, como o ‘cobranding’, cada vez mais comum nos Estados Unidos. Nesse formato, existe apenas um gerente e uma área de armazenagem, como vemos em postos de gasolina aqui no Brasil”, destaca.
Online. Além da loja física ganhar fôlego em novos espaços, o presidente da consultoria Práxis Education, Adir Ribeiro, reforça as oportunidades para lá de consolidadas no ambiente digital, o e-commerce. “Não há mais possibilidade de fugir da integração entre o modelo online e o offline”, destaca o executivo.
Cherto, por sua vez, analisa que há hoje pelo mercado opções de integração entre essa loja física e varejo virtual com baixo custo de operação.
“O comércio físico não precisa mais ter o estoque todo dentro de uma loja, mas, sim, atuar apenas como se fosse um ponto de experimentação, onde o cliente prova uma roupa, por exemplo, mas não sai com ela da loja. A compra é feita efetivamente no varejo online”, completa.