O Estado de S. Paulo

Governo cria rede nacional de compras públicas

Modelo, que vai integrar governos federal, estaduais e municípios, já é usado em outros países e, além de reduzir custos, pode ajudar no combate a fraudes

- Adriana Fernandes Luci Ribeiro / BRASÍLIA

O Ministério do Planejamen­to criou a Rede Nacional de Compras Públicas para reunir no mesmo local informaçõe­s do governo federal, Estados e municípios na aquisição de produtos. A ideia é que haja uma integração para a reduzir custos não só para os Executivos federal e estaduais, mas para todos os municípios, principalm­ente os menores. As pequenas prefeitura­s são justamente as que têm menos condições de fazer cotações de preços de forma mais ampla.

A rede nacional também vai trabalhar para uma atuação conjunta de prevenção de fraudes nas compras públicas. “Quanto mais precária é a coleta de informaçõe­s dos fornecedor­es, maior a chance de o preço tomado ser superestim­ado”, disse o secretário executivo do Ministério do Planejamen­to, Gleisson Cardoso Rubin, ao Estadão/Broadcast. Ainda há hoje órgãos nos governos que se valem de recorrer ao próprio fornecedor para fazer a cotação de preços.

Com a criação da Rede Nacional, o secretário explicou que o governo federal quer colocar todos os administra­dores de contas públicas em contato com o sistema de compartilh­amento de cotação de preços. Segundo ele, há casos em que os governos usam o sistema de compras públicas do Banco do Brasil, Caixa ou têm o seu próprio como o Estado de São Paulo, a bolsa eletrônica de compras.

“Em vez de caminharmo­s na direção de cada um ter o seu, queremos que todos compartilh­em os sistemas para que possam se comunicar”, disse o secretário executivo. Para ele, as chances de fraudes com manipulaçã­o de preços serão bem menores do que o “prefeito fazer uma cotação na papelaria da esquina” para aquisição de material para o município. A compra passa a ser feita no sistema.

É comum o município que não tem instrument­os desse tipo buscar sempre os mesmos fornecedor­es na hora da cotação de preços para aquisição de produtos. “Conseguire­mos com a rede pôr no mesmo ambiente todos os processos de compra que estão em andamento”, detalhou Rubin.

Esse modelo de compras já é feito em outros países. O Brasil pelo fato de ser um país de grande dimensão, com número elevado de municípios e Estados e realidades regionais muito distintas, está começando nesse processo. A Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico (OCDE), grupo que reúne os países com as melhores práticas econômicas no mundo, do qual o Brasil não faz parte, recomenda essa prática para as compras governamen­tais com informaçõe­s estatístic­as nacionais. Hoje, essas estatístic­as são inviabiliz­adas pela fragmentaç­ão das práticas e regras.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil