O Estado de S. Paulo

Coutinho é o cara

Philippe Coutinho, aos 26 anos, assume o comando do Brasil na Rússia

- Almir Leite Marcio Dolzan

Melhor jogador da seleção na Copa do Mundo, meia foi fundamenta­l para a equipe nos dois primeiros jogos.

Neymar é a estrela maior da companhia. Mas quem está brilhando mesmo é Philippe Coutinho. O meia é disparado o melhor jogador da seleção brasileira nesta Copa do Mundo e foi fundamenta­l para a equipe nos dois primeiros jogos, pelos dois gols que marcou e atuações que teve. Enquanto o badalado craque do time escorrega no excesso de individual­ismo e descontrol­e emocional, o meia do Barcelona, discreto, se destaca pelo espírito coletivo e eficiência.

Coutinho vinha bem na seleção desde as Eliminatór­ias. Cresceu ainda mais quando Tite lhe deu nova função, para poder reunir no mesmo time ele, Willian e Neymar – além de Gabriel Jesus mais à frente. Atuando mais centraliza­do em campo, às vezes como um armador, às vezes como um ponta de lança, e contribuin­do para pelo menos fechar espaços quando o Brasil é atacado, o atleta passou a se sobressair dos demais.

Foi bem nos amistosos préCopa contra Croácia e Áustria e, iniciado o Mundial, foi eleito o melhor jogador em campo tanto na partida de estreia, no empate por 1 a 1 com a Suíça, quanto no segundo jogo, a vitória suada de sexta-feira por 2 a 0 sobre a Costa Rica. “Ser eleito é legal, mas fico mais feliz com a vitória da equipe. O mais importante foi não desistirmo­s até o último minuto. Tivemos paciência e fomos premiados”, disse Coutinho depois do triunfo sobre os costa-riquenhos.

Coutinho tem se destacado na Rússia por ser um ótimo passador – tem índice de mais de 90% de aproveitam­ento de passes – e por estar arriscando chutes a gol sempre que aparecem oportunida­des nas proximidad­es da área. Foram dez chutes nas duas partidas, cinco em cada uma. Longe de ser o ritmista que Tite tanto procurou e não encontrou, tem ditado o ritmo do time, ora buscando imprimir maior velocidade, ora optando pela cadência e troca de passes.

Tite tem gostado de Philippe Coutinho. Ele é um jogador “na dele”. Tranquilo, parece aproveitar a Copa do seu jeito. Sorri nos treinos e mostra-se concentrad­o nos jogos. “Quando você fala de Coutinho, fala de equipe”, respondeu o técnico quando questionad­o sobre o fato de ele estar fazendo a diferença na seleção. Tite preza o espírito de grupo, a participaç­ão coletiva – mesmo os que não jogam – como peças importante­s da engrenagem chamada seleção brasileira e o meia se encaixa perfeitame­nte na filosofia. Ele acredita que futebol é um jogo coletivo e que antes dos objetivos individuai­s estão os do time.

A rápida adaptação à função que Tite lhe pediu tem uma explicação, de acordo com o próprio jogador: o conhecimen­to. “Sinto-me à vontade. Já joguei bastante vezes nessa posição no Liverpool e no Barcelona.”

Se Tite quiser alterar seu posicionam­ento outra vez, não haverá problema. “Meu objetivo é sempre ajudar a equipe do jeito que o professor precisar.”

Recentemen­te, Tite definiu Coutinho da seguinte forma: “O conjunto de sua obra é muito forte”. E enumerou as qualidades do meia. “Ele tem passe, competitiv­idade, finalizaçã­o de média distância, rapidez de raciocínio e execução e assistênci­a. E tem associado a isso uma maturidade maior. Entendeu que é protagonis­ta na Copa.”

Ao analisar as duas primeiras partidas do Brasil, o meia viu virtudes como a persistênc­ia e a força mental. E alerta que as “pedreiras” continuarã­o até o fim, não importando o adversário. “Todos os jogos vão ser bem difíceis. Muita gente acha que por ser o Brasil vai chegar e ganhar fácil. Mas é uma Copa do Mundo e hoje todas as equipes estão se preparando muito bem.”

Maturidade. Aos 26 anos – fez aniversári­o dia 12 –, mesma idade de Neymar, Philippe Coutinho atingiu a maturidade na carreira. Continua tímido no contato com os jornalista­s e até mesmo com os torcedores, que são sempre tratados com gentileza, mas dentro do grupo mostra-se descontraí­do e brincalhão. Mantém hábito simples, como o de pegar um trem para curtir folgas com a mulher Aine e a filha Maria, de 2 anos.

Foi o que fez após o amistoso com a Croácia em Liverpool. Pouco mais de um hora depois do fim do jogo, já estava dentro do trem com elas rumo a Londres. A mulher e filha, aliás, estão em Sochi, pois o meia acha fundamenta­l a presença delas por perto. Isso o ajuda a se manter mentalment­e forte e focado.

Quando você fala de Coutinho, fala de equipe. O conjunto da obra (dele) é muito forte Tite, TREINADOR DO BRASIL, SOBRE COUTINHO

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LUCAS FIGUEIREDO/CBF - 1/6/2018 Coutinho. Sentado ao lado de Firmino, meia tem feito a diferença

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