O Estado de S. Paulo

Seleção blinda Neymar para proteger astro das críticas

- Leandro Silveira Marcio Dolzan

Criticado pelo excesso de individual­ismo, que o torna alvo preferenci­al de faltas dos adversário­s, e frequentem­ente demonstran­do irritação com o árbitro – o que lhe rendeu um cartão amarelo na partida diante da Costa Rica de graça –, Neymar passou a contar com uma blindagem vinda de colegas de equipe e do próprio técnico Tite. Após a partida de sexta-feira, todos os jogadores do time que deram entrevista­s fizeram questão de defender o atacante, que desabou a chorar no gramado após a vitória por 2 a 0 sobre os costa-riquenhos.

O discurso mais incisivo veio do zagueiro Thiago Silva. Em 2014, o defensor protagoniz­ou uma das cenas mais marcantes – para muitos, negativame­nte – ao chorar momentos antes da disputa por pênaltis com o Chile, em partida válida pelas oitavas de final daquela Copa. Na ocasião, ele era o capitão da seleção, assim como foi na sexta.

Colega de Neymar no Paris Saint-Germain, Thiago Silva diz ver “excesso” nas críticas ao jogador e defendeu o desabafo do companheir­o de seleção. “Você sofre junto, como se ele fosse como um irmão seu. Tenho o Neymar como um irmão mais novo, procuro cuidar dele dando conselhos. É um menino especial”, afirmou o zagueiro.

Autor de dois dos três gols marcados pelo Brasil até agora na Copa do Mundo, o meia Philippe Coutinho também saiu em defesa do colega de seleção. “Ele teve uma lesão difícil. A alegria de contar com Neymar em campo nos contagia. Ficamos felizes por tê-lo ao nosso lado jogando”, disse Coutinho. O atacante Gabriel Jesus foi além. Ele e Neymar fizeram dupla perfeita na Olimpíada do Rio. Chamou o craque de “ídolo” e pediu confiança nele. “Sou um menino e ele é um garoto alegre e contente. Temos de dar valor aos nossos ídolos, confiar e acreditar até o último minuto.”

O técnico Tite, por sua vez, repetiu o discurso de que é “desumano” colocar muita pressão em Neymar. Segundo o treinador, as responsabi­lidades precisam sempre ser divididas.

“Toda a individual­idade aparece se o conjunto estiver forte. É desumano colocar a responsabi­lidade em um atleta apenas”, ponderou o treinador.

O atacante Douglas Costa, que deu a assistênci­a para o gol de Neymar, concorda com o técnico. “A gente divide todo o peso.

Neymar faz a diferença, é o nosso craque, mas dividimos isso. Não é fácil carregar todo o peso. Me sinto lisonjeado pelo gol do Neymar, pois expressa tudo o que estamos sentindo.”

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO - 21/6/18 Apoio. Para Thiago Silva (D), Neymar é um irmão: ‘Procuro cuidar dele dando conselhos’

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