O Estado de S. Paulo

Fifa e seleções já temem a fadiga de craques

- Jamil Chade ENVIADO ESPECIAL / MOSCOU

Um esquema para permitir que craques cheguem à Copa do Mundo mais descansado­s precisa ser avaliado. Quem defende isso é Marco Van Basten, ex-jogador da Holanda e atual diretor técnico da Fifa.

Uma vez mais, a Copa do Mundo revela em campo craques exaustos, que penam para desenvolve­r ao final da temporada seu melhor futebol. “Agora, não há o que fazer. Essa é a realidade. Mas precisamos falar sobre isso no futuro para que o tema seja abordado”, indicou.

Uma das opções seria a criação de um período de preparação mais adequado aos jogadores, já que muitos dos torneios europeus terminam às vésperas da apresentaç­ão dos atletas às suas seleções nacionais. Depois da péssima qualidade do futebol apresentad­o na Copa de 2002, a Fifa decidiu ampliar o número de dias obrigatóri­os de descanso entre o fim dos torneios europeus, em maio, e o início da preparação das seleções.

Mas, em 2022, o calendário será radicalmen­te diferente. A Copa no Catar ocorrerá em novembro, no meio da temporada europeia e no término dos torneios na América do Sul. Segundo Van Basten, portanto, o impacto pode ser “bastante diferente”, com jogadores que atuam na Europa no auge ainda de sua forma durante a temporada. “Nesse caso, quem pode sofrer são os jogadores em fim de temporada na América do Sul.”

No caso das partidas da Bélgica e Inglaterra, ambas classifica­das para as oitavas de final, a opção por poupar jogadores é uma realidade para o confronto entre elas, hoje. Os dois times contam com seis pontos e têm os artilheiro­s da competição.

“Faremos amplas mudanças no time contra a Inglaterra”, confirmou o treinador da Bélgica, Roberto Martinez. “Precisamos ter 23 jogadores em forma.”

Romelu Lukaku, portanto, poderia ser um dos poupados, ao lado de Eden Hazard. Do lado inglês, o artilheiro da Copa, Harry Kane, poderia ser outro que assistiria ao jogo do banco.

“Se tivéssemos sete dias para nos preparar para um jogo e depois outros sete dias para o próximo, poderia pensar em escalar os mesmos onze titulares”, comentou Martinez.

Além de Lukaku e Hazard, De Bruyne, Vertonghen e Thomas Meunier estão com um cartão amarelo cada e poderiam ser poupados para evitar uma suspensão na fase decisiva.

Gareth Southgate, o treinador inglês, vai ter de equilibrar entre manter o grupo e poupar seus atletas. “Não queremos tirar o pé do acelerador”, disse o meia Ruben Loftus-Cheek, depois dos 6 a 1 contra o Panamá. “Precisamos definir nossas prioridade­s”, disse Southgate.

Kane e o meia Henderson, depois de uma longa temporada com o Liverpool, poderiam ser poupados também. “Essa é uma decisão do treinador”, disse Kane, que já acumula cinco gols. “Eu quero jogar. Mas quem decide isso é ele”, disse.

Se passar pelas oitavas de final, uma das possibilid­ades é de que os ingleses cruzem com a seleção brasileira.

Para Gary Neville, ex-jogador do time inglês, Southgate precisa fazer de três a quatro mudanças para a partida contra a Bélgica e evitar ter em mãos uma seleção cansada lá na frente. “Tenho visto times ingleses caírem nas quartas de final, quando entravam em campo já sem pernas”, alertou.

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PAUL ELLIS/AFP Harry Kane. Atacante inglês (centro), atual artilheiro da Copa, pode ser poupado

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