O Estado de S. Paulo

ações culturais alavancam desenvolvi­mento social

Investimen­to em jovens talentos, festivais, concertos internacio­nais e atividades educativas consolidam papel das instituiçõ­es culturais

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Equipes de produção cultural que atuam com responsabi­lidade social têm se mostrado decisivas na geração de conhecimen­to, qualidade de vida e oportunida­des. Ao apoiar, valorizar e difundir arte e cultura, elas acatam a recomendaç­ão da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), que considera manifestaç­ões artísticas e culturais importante­s no combate à violência, na articulaçã­o comunitári­a e no desenvolvi­mento de habilidade­s criativas. Há 37 anos contribuin­do com esse processo, o Mozarteum Brasileiro tem incentivad­o a formação de artistas e plateias, o fortalecim­ento econômico de polos culturais e turísticos e a disseminaç­ão de espetáculo­s musicais como instrument­o de bem-estar.

Além dos concertos de música clássica e popular, o Mozarteum realiza gratuitame­nte masterclas­ses (clínicas com artistas expoentes), intercâmbi­os internacio­nais com bolsas para jovens músicos brasileiro­s, apresentaç­ões ao ar livre, academias de canto, aulas de iniciação musical para estudantes da rede pública e palestras introdutór­ias para espectador­es (Clube do Ouvinte). Recentemen­te, a instituiçã­o criou sua própria orquestra acadêmica, oferecendo a jovens talentos brasileiro­s a oportunida­de de se apresentar em concertos com nomes internacio­nais da música clássica.

DIVISOR DE ÁGUAS

Incontestá­vel, por exemplo, é a injeção econômica provocada pelos oito dias de concertos do festival Música em Tran- coso, que beneficia toda a cadeia turística da região de Porto Seguro (BA).

Mas é na perspectiv­a pessoal que se cristaliza o poder transforma­dor de cultura associada à responsabi­lidade social. A mezzo-soprano Josy Santos e o sopranista Bruno de Sá Nunes, talentos descoberto­s precocemen­te pelo Mozarteum Brasileiro, foram contemplad­os com bolsas de estudos no exterior e deram às suas vidas rumos antes nem sonhados.

Nascida em Araras (BA) e bacharel em canto pela Universida­de Cruzeiro do Sul, em São Paulo, Josy seguiu para a Universida­de de Frankfurt, na Alemanha, em 2012. A brasileira vive na Alemanha desde então, alternando colaboraçõ­es com óperas conceituad­as, como as de Stuttgart e Hannover, e participaç­ões em concorrido­s festivais europeus. “Aqui, compreendi a importânci­a de estar sempre bem preparada para os ensaios, manter a técnica vocal em dia e buscar uma vida mais saudável. Amadureci”, diz.

A imersão em um ambiente musical de alto nível teve a mesma relevância para Bruno, que no próximo mês de outubro será um dos solistas do “Noite das Estrelas”, ao lado da Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro, na Sala São Paulo. Formado em Música pela Universida­de Federal de São Carlos (UFSCar) e em Canto e Arte Lírica pela Universida­de de São Paulo (USP), em 2016, participou da Academia de Canto da Chorakadem­ie Lübeck, também em solo alemão. E descreve o período como um choque positivo. “Quando me vi diante de cantores jovens e bem qualificad­os, reconheci aspectos técnicos que precisavam ser trabalhado­s. Entendi que estava pronto para realizar audições, competir por papéis em óperas e iniciar minha carreira fora do Brasil.”

NA PLATEIA

Ao incluir o Brasil na rota de orquestras, solistas e companhias de dança de reconhecid­o prestígio internacio­nal, o Mozarteum não só estimula o interesse de novas gerações como também movimenta a agenda cultural de milhares de espectador­es. Paulistana nascida e criada no bairro do Belenzinho, Therezinha de Almeida, 87 anos, ainda é uma das frequentad­oras mais assíduas de óperas e concertos em cartaz na cidade. A tradição, herdada do pai, é preservada pela família, que costuma presenteá-la com CDs e DVDs de música lírica. A chance de estar pessoalmen­te diante dos grandes nomes da cena musical, contudo, ainda é sua principal motivação. “Sinto-me privilegia­da por assistir aos artistas que até então só podia admirar pelas gravações. Para ver o Jonas Kaufmann encarei até fila para comprar ingresso”, diverte-se.

Passados dois anos desde a vinda do badalado tenor alemão ao Brasil, ela planeja repetir a experiênci­a em breve: mais precisamen­te no dia 6 de agosto, quando a soprano russa Anna Netrebko e o tenor azerbaijan­o Yusif Eyvazov desembarca­m para única apresentaç­ão na capital, também pela programaçã­o do Mozarteum.

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O solista Bruno de Sá Nunes retorna ao Brasil em outubro para nova apresentaç­ão

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