Em Salvador, 45% moram em locais sob ameaça
• Salvador é a capital com a pior situação de moradia em áreas de desastres naturais. Segundo o levantamento do IBGE, 1,2 milhão de pessoas – 45% da população – vivem nesses locais.
A aposentada baiana Marli Leão de Jesus, de 67 anos, teme desmoronamentos a cada período de chuvas em Salvador, entre abril e agosto. Moradora há 20 anos de um barranco na Avenida Centenário, no centro, ela conta que há três anos acordou sob o impacto de um deslizamento ocorrido no quintal de uma residência vizinha que, por pouco, não atingiu a sua pequena casa, de quarto e sala. “Botei a mão na cabeça e chamei por Jesus. Não tinha muito o que fazer. Mas, graças a Deus, não fui atingida.”
No local por onde a terra correu, próximo à casa de dona Marli, a encosta está coberta por uma manta plástica, recurso usado pela prefeitura para impedir que o solo fique encharcado.
Salvador é uma cidade de topografia irregular e ocupação desordenada. Possui cerca de 600 áreas de risco, de acordo com registro da Defesa Civil. Em abril, algumas dessas localidades – as comunidades de Bom Juá, Vila Picasso, Calabetão, Coronel Pedro Ferrão, Mamede e Baixa de Santa Rita –, passaram a contar com sirenes de alerta, que avisam a população em caso de risco de deslizamento.