Facebook revelará anunciantes em eleições do Brasil
Rede social fará cadastro de candidatos e partidos para informar usuários sobre quem pagou por peças distribuídas na rede social
O Facebook anunciou ontem que vai identificar postagens pagas por políticos na rede social durante o período de campanha eleitoral no Brasil. A partir de 16 de agosto, usuários vão ver o nome do político que pagou por um anúncio, o público para o qual ele foi direcionado na rede social e quanto ele custou. A ferramenta já estava em testes desde o maio nos Estados Unidos e o Brasil será o segundo país a ter acesso ao recurso.
Para que isso seja possível, a rede social vai começar a cadastrar representantes de candidatos, políticos, partidos e coligações que possuem registro eleitoral e que têm autorização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para impulsionar anúncios políticos na internet. Os registros valerão para Facebook, Instagram e Facebook Messenger.
“Vamos pedir alguns documentos de identificação e exigir dupla verificação para os interessados em fazer propagandas políticas”, explicou Diego Dzodan, vice-presidente do Facebook para a América Latina. Todas as informações de campanhas ativas e inativas serão armazenadas por sete anos.
“Em paralelo a essas ferramentas vamos continuar combatendo perfis falsos no Facebook, os principais responsáveis pelo mau uso da rede social”, explicou Sheryl Sandberg, diretora global de operações da rede social, em uma videoconferência feita a partir da sede do Facebook, nos EUA.
Os recursos fazem parte do esforço do Facebook em mitigar tentativas de uso da rede social para interferência em eleições. A empresa tem sido duramente criticada após a revelação de que a consultoria Cambridge Analytica usou dados pessoais de 87 milhões de usuários numa tentativa de manipular as eleições americanas em 2016.
Otimismo. Especialistas ouvidos pelo Estado veem a ferramenta com bons olhos. Para Eduardo Magrani, coordenador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), o fato de o Brasil ser a segunda nação a receber as ferramentas está relacionada à importância do mercado brasileiro. “O Brasil é conhecido por ser influenciado pelas redes sociais, o que nos torna um público importante, mas vulnerável”, diz Magrani.
A ferramenta, porém, não deve resolver todos os problemas. Para Rafael Zanatta, pesquisador do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), não há garantias que as pessoas vão acessar os dados divulgados pelo Facebook sobre os anúncios. “Se fôssemos notificados sobre isso, as pessoas olhariam as campanhas eleitorais por outro ângulo”, afirma.
Onda. No mesmo dia, o Twitter anunciou que também vai disponibilizar um banco de dados de informações sobre anúncios publicados na rede social.