O Estado de S. Paulo

A quentura do verão particular de Perdido

Artista carioca radicado em São Paulo lança seu quarto disco, ‘Brasa’

- Pedro Antunes

Marcelo Perdido vivia sua primavera particular. Em um ano e dois meses, em Lisboa, ouvia e assistia, a distância, as transforma­ções estruturai­s e políticas do Brasil. Entre janeiro de 2016 e março de 2017, esteve no alémmar. De lá, criou Brasa, música que, por fim, deu nome ao quarto disco do multiartis­ta (que, entre outras coisas, também é videomaker), lançado nesta sexta, 29, pelo selo Rosa Flamingo.

Perdido encerra, com Brasa,

um ciclo de discos cuja proposta era transmitir, em cada um deles, uma estação do ano. Começou pelo “outono” de Lenhador,

um disco de 2014, que evidenciav­a a mudança climática interna na vida dele após deixar a banda Hidrocor para iniciar uma carreira solo. Na sequência, o “inverno” chega em Inverno – sim, esse título, por sua vez, é bem autoexplic­ativo –, de 2015. Ele celebrou a primavera com Bicho, de 2016, e, com Brasa, aquece e sua em bicas com esse retorno ao Brasil – e a São Paulo, cidade escolhida pelo carioca antes mesmo da passagem por Portugal.

A quentura de Brasa vem de tantas formas, inclusive, do calor humano. Cada uma das dez música foi produzida por um nome diferente, de Habacuque Lima, na faixa de abertura que dá nome ao álbum, ao próprio Perdido, na única canção que assina a produção, chamada Sinal. Também estão escalados Rafael Castro (em Bye Bye ButterFly), Mari Romano (Menina), João Erbetta (Cometa), Nana (Menos Pior), Felipe S. (Falta), André Whoong (Tesoura Sem Ponta), Laura Wrona (Lindo Beijo de Amor), João Victor do Santos (Eu Sou a Música)e Felipe Parra (E Agora?). Por fim, cinco delas têm participaç­ões: Laura Lavieri (canta em Brasa),

Letícia Novaes, ou Letrux (em Menina), Bazar Pamplona ( Eu Sou Música), Zá (E Agora?) e Helio Flanders (Sinal). Ufa! Suou?

Perdido diz fazer um “pop estranho” e seu Brasa é a síntese do encontro do que é pop (a música que toca fora das nossas pequenas bolhas, no País afora, como brega e sertanejo, etc.) com a estranheza particular da musicalida­de dele. É reconhecív­el ao ouvido, torto e, por isso, desafiador. Sem ser político, Perdido o é, em um disco que reflete um país fervente – como sua mãe provavelme­nte dizia, quando percebia a sua febre: suar faz bem.

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LEONARDO MASCARO Lisboa. Álbum começou a ser gerado na estada dele em Portugal
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