O Estado de S. Paulo

Filme cresce, e o diretor tem o DNA da ação no sangue

- CARLOS MERTEN / LUIZ

• Logo no começo de Sicário – Dia do Soldado, o espectador pode ser tomado de mal-estar. Ao abordar as atividades na fronteira mexicana, o filme parece adotar o ponto de vista da administra­ção Trump – todos os mexicanos são bandidos, estuprador­es e traficante­s. O próprio desenho da missão de Josh Brolin fortalece essa impressão. Ele não é 007, mas está liberado para matar e fazer o que for preciso para atingir os cartéis, mas desde que não comprometa o governo.

A coisa começa a mudar quando Benício del Toro, outro egresso do primeiro filme – dirigido por Denis Villeneuve, lembramse? –, se envolve no sequestro da filha de um chefão do tráfico. A garota é uma peste, mas vai se transforma­r em contato com ele. E Del Toro não é nenhum superherói. Como agente especial treinado para sobreviver, depende de suas habilidade­s. O filme adquire vigor. Superior de Brolin, Catherine Keener, encarregad­a de encerrar a missão, ordena que os fios soltos – Del Toro, a garota – sejam eliminados. Toda a parte final de Dia do

Soldado é carregada de dramaticid­ade, e de um embate ético que opõe os personagen­s de Brolin e Del Toro. Como cada um vai agir? O roteiro continua de Taylor Sheridan, e cresce com os personagen­s. O diretor Stefano Sollima tem o DNA do grande diretor de ação no sangue. É filho de Sergio Sollima, um dos reis do western spaghetti.

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