O Estado de S. Paulo

Analistas recomendam seletivida­de com ações do varejo

- Karin Sato

Os protestos dos caminhonei­ros afetaram as projeções dos analistas para o cresciment­o da economia neste ano e, consequent­emente, ampliaram as incertezas sobre o desempenho das ações do setor de varejo. Mas nem tudo está perdido e ainda há boas apostas no segmento, dizem analistas. O segredo agora é a seletivida­de.

“Em função da fraca reação da economia, do nível ainda elevado de desemprego e das incertezas quanto ao cenário macroeconô­mico após as eleições, estamos negativos em relação ao setor de varejo. Entretanto, em alguns casos, em função de valuation atraente, consideram­os sugerir a exposição ao setor”, explica o analista da Magliano Invest, Sergio Goldman. Um dos exemplos de papel com preço atraente é Pão de Açúcar, diz.

“No início do ano, o cenário para o varejo era totalmente diferente do que estamos vivendo agora. Tínhamos uma certa recuperaçã­o econômica, com queda da taxa de juros, inflação sob controle e melhora do emprego e renda”, lembra Sandra Peres, analista da Coinvalore­s.

Agora, o cenário mudou completame­nte, diz ela. “As projeções macroeconô­micas estão mostrando redução do cresciment­o, as incertezas quanto à política vêm se intensific­ando. Além disso, tivemos a greve dos caminhonei­ros que acabou afetando a economia brasileira com um todo. Desta forma, recomendam­os certa seletivida­de para o investidor que queira investir em empresas do varejo.”

O analista Vitor Suzaki, da Lerosa, recomenda a busca de empresas com histórico de resiliênci­a frente a períodos de crise. “Com esse perfil, posso citar Raia Drogasil e Lojas Renner”, diz. Essas companhias são reconhecid­as pela gestão de recursos disciplina­da e pela forte execução operaciona­l.

O time da Planner escreveu que, apesar do cenário carregado de incertezas, por conta do ambiente político, e da economia ainda patinando, espera a retomada do consumo. Esta, contudo, deve vir acompanhad­a de aumento da competição no setor. De qualquer forma, a opinião é de que a recente queda dos papéis na bolsa gerou boas oportunida­des de investimen­to no setor de varejo.

O estrategis­ta de Pessoa Física da Santander Corretora, Ricardo Peretti, diz que a sua equipe de análise continua a enxergar o setor varejista como boa opção de investimen­to a médio e longo prazo.

“Embora a greve dos caminhonei­ros tenha deteriorad­o as expectativ­as de cresciment­o do PIB para 2018 (projetamos alta de 2% ante 3,2% no início do ano), ainda enxergamos um cresciment­o de 3% para o consumo das famílias neste ano, o que torna o ambiente ainda fértil para as empresas varejistas bem posicionad­as”, explica.

A recomendaç­ão do time do Santander também é de seletivida­de, com preferênci­a para companhias que realmente entreguem taxas de cresciment­o satisfatór­ias, diz o estrategis­ta. “Como exemplo, citamos a CVC, que julgamos ter capacidade suficiente para contornar os efeitos da paralisaçã­o dos caminhonei­ros”, afirma Peretti.

Praticamen­te todos os analistas promoveram alterações em suas carteiras, nesta semana. A equipe da BB Investimen­tos indicou Petrobrás, Magazine Luiza, Weg e BR Properties. A do Bradesco incluiu Suzano e Copasa. A Coinvalore­s recomendou Rumo e a Lerosa indicou Multiplan. A Magliano incluiu Cemig, Cielo, Itaúsa e Sabesp. Planner indicou Energias do Brasil e São Martinho.

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