O Estado de S. Paulo

Neymar busca na Copa prêmio de melhor do mundo.

- REPÓRTER DO ‘ESTADÃO’ NA RÚSSIA

Há hierarquia­s difíceis de serem quebradas no futebol. Uma das principais envolve a escolha do melhor jogador do mundo, em eleição promovida anualmente pela Fifa. Afinal, desde 2008, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi se revezam no topo da votação. Desde 2007, apenas uma vez, em 2010, o português não esteve entre os três agraciados. Entrar para esse seleto grupo é o objetivo de Neymar. Ele já deu seu passo para isso ao ficar na terceira posição em duas oportunida­des, em 2015 e 2017, na última já sob novo status: o de jogador mais caro do futebol mundial.

Neymar carrega boa parte dos pré-requisitos necessário­s para se juntar a Messi e Cristiano Ronaldo nesse trono: além do talento puro, é midiático, tem carisma com as crianças e nasceu no país mais importante para o futebol mundial – que não possui um protagonis­ta desde os melhores momentos de Kaká e Ronaldinho Gaúcho.

O primeiro passo foi a transação milionária que o levou a trocar o Barcelona pelo Paris Saint-Germain, fazendo dele assunto mundial e o transforma­ndo em sinônimo de futebol brasileiro. Só que a negociação o distanciou do título da Liga dos Campeões, a mais importante e balizadora competição do futebol mundial, como demonstrou o Real Madrid ao eliminar o PSG na última edição.

Restou a Neymar, portanto, o caminho mais curto (e demorado, por só acontecer a cada quatro anos), que transforma os jogadores em lenda: a Copa do Mundo. Foi por meio dela que Fabio Cannavaro acabou escolhido o melhor de todos em 2006, que Iniesta e Xavi tiraram Cristiano Ronaldo da festa de 2010 e que Neuer conseguiu ser ao menos coadjuvant­e do português e de Messi na edição de 2014.

Com Argentina e Portugal eliminados nas oitavas e Messi tendo realizado uma temporada abaixo de seu elevadíssi­mo nível, a chance para Neymar galgar mais um posto se dá na Rússia. Ainda que tenha começado o torneio de maneira irregular, com atuações contestáve­is contra Suíça e Costa Rica, em dias em que apanhou muito, dentro e fora de campo, parecendo prestes a explodir. Algo impensável para quem mira o posto de melhor do mundo. Mas Neymar se reabilitou contra a Sérvia, com boa atuação tática. Foi brilhar mesmo diante do México, sendo perigoso em todas as partes do campo e não apenas na ponta-esquerda. E mostrando que realmente “joga muito”. Agora, com mais três jogos para o Brasil faturar o hexa, será preciso ver a solidifica­ção da organizaçã­o tática e segurança defensiva do time de Tite com o brilho de coadjuvant­es, como Philippe Coutinho, e o aflorament­o do auge técnico de Neymar.

O trabalho desenvolvi­do pelo treinador dá chance ao brasileiro de avançar passos na busca pelo prêmio de melhor do mundo, mas sem esquecer da concorrênc­ia, que conta, entre outros, com o francês Mbappé e o inglês Harry Kane.

Dependendo do que acontecer até 15 de julho, ele pode, sim, ficar para trás. Mas a melhor chance é agora – como ele mostrou saber ao exigir ser operado pelo médico da seleção brasileira da fratura no quinto metatarso do pé direito. Mesmo que, neste momento, Cristiano Ronaldo pareça ser hors concours por tudo que fez pelo Real Madrid nos últimos meses. Uma nova oportunida­de dessas só vai aparecer daqui a quatro anos.

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