O Estado de S. Paulo

Gabriel Jesus amplia jejum e se defende: ‘Nunca fui artilheiro’

- Almir Leite Leandro Silveira Marcio Dolzan ENVIADOS ESPECIAIS / SAMARA

Quatro jogos e nenhum gol marcado na Copa do Mundo. O desempenho de Gabriel Jesus, o camisa 9 da seleção brasileira, é decepciona­nte em termos de gols, mas ele garante não estar incomodado com esse jejum. Ontem, depois do triunfo por 2 a 0 sobre o México, na Arena Samara, pelas oitavas de final, teve seu desempenho tático exaltado pela comissão técnica de Tite, discurso também adotado por ele, além de assegurar que nunca foi, de fato, um artilheiro na sua carreira.

Quando o Brasil liderava o placar apenas por 1 a 0, Gabriel Jesus chegou a mudar seu posicionam­ento em campo, atuando na marcação pelo lado esquerdo, em auxílio a Felipe Luís, que já havia, inclusive, recebido um cartão amarelo. E ele garantiu não ter qualquer problema para exercer essa função, até por não se considerar um centroavan­te. “Aceitei numa boa. É uma posição que gosto de jogar, sou mais ponta do que centroavan­te. E fico feliz por sempre ajudar”, afirmou, em entrevista na zona mista da Arena Samara.

No início da sua passagem pelo Palmeiras, Gabriel Jesus realmente não atuava como centroavan­te fixo, mas depois começou a exercer a função costumeira­mente. “Nunca fui um artilheiro, sou tranquilo quanto a isso”, disse. O atacante avaliou que atuar mais aberto, como ocorreu em momentos do jogo contra o México, será situação eventual na sequência da Copa. “O jogo pediu isso, acontece. O que a seleção precisar, eu vou fazer”, acrescento­u.

O desempenho tático explica a manutenção de Gabriel Jesus entre os titulares da seleção na Copa, mesmo que Roberto Firmino venha se destacando mais na competição. Ontem, Firmino marcou um dos gols do triunfo sobre o México, aos 43 minutos da etapa final, logo depois de substituir Philippe Coutinho.

E a garra e entrega de Gabriel Jesus para desarmar os adversário­s foi exaltada até mesmo por Sylvinho, auxiliar técnico de Tite. “O Gabriel é um trator, a origem dele na base foi de externo. A utilização dele é muito importante numa competição como essa, de recuperaçã­o cada vez menor. Nós conversamo­s e decidimos que o Gabriel poderia contribuir pelo lado esquerdo. Ele cumpriu a função de modo excepciona­l”, comentou.

O jejum de gols na Copa levou Gabriel Jesus a perder o posto de artilheiro da era Tite na seleção brasileira para Neymar, que já fez dois gols na Rússia. O atacante, porém, apontou que ainda não teve chances claras de gol na competição para justificar o seu jejum, que nesta segunda chegou aos 389 minutos pela seleção.

“Se você pegar os quatro jogos, não tive nenhuma chance clara. Eu ficaria triste se não ajudasse em nada a equipe, sem correr. Estou tentando. Falta o gol. Muitas partidas na minha curta carreira, não joguei tão bem quanto agora, mas fiz gol. É complicado ser o 9 e não fazer gol, mas estou contente com o meu desempenho. É a Copa e se tiver de abdicar dos gols para ser campeão, não tem problema”, disse.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil