Pés na areia para o agito da Catalunha
Na região de Barcelona, desfrute das comodidades de praias urbanas, com espreguiçadeiras, drinques e comidinhas. No verão europeu, a orla ferve e muda de perfil conforme o trecho
É bom ir logo avisando: apesar de ter uma orla de 5 quilômetros banhada pelo Mar Mediterrâneo, Barcelona não é o que um brasileiro chamaria de “destino de praia”. No quesito beleza natural à beira-mar, a capital catalã está longe de ser uma Maceió. A larga faixa de areia é meio poeirenta, a cor do mar não é tão convidativa e faltam coqueiros para emoldurar o cenário.
O que não quer dizer que pegar uma prainha não seja uma ótima pedida para desacelerar, em uma cidade que oferece tantos estímulos ao turista. Basta ir com as expectativas ajustadas. O legal aqui é aproveitar as comodidades de uma praia urbana: instalar-se em uma espreguiçadeira, pedir drinques e comidinhas, poder contar com um banheiro limpo. E ver gente, claro: no verão europeu, as areias de Barcelona fervem.
A orla aproveitável começa logo após o porto e se estende para o norte, com uma sucessão de trechos com nomes diferentes: Sant Sebastià, La Barceloneta, Nova Icària, Bogatell, Mar Bella, Nova Mar Bella, Llevant. Os limites entre uma praia e a seguinte não são muito claros, já que a paisagem é a mesma – o que muda é a fauna local.
Sant Sebastià e Barceloneta são mais urbanas, como uma Copacabana. Nova Icària, Nova Mar Bella e Llevant são tranquilas e de pegada familiar. Os trechos mais agitados estão no miolo formado por Bogatell (fala-se “bugatêi”) e Mar Bella, com trechos de frequência LGBT e outros em que o nudismo dá o tom, com naturalidade.
Minha sugestão é tomar o metrô até a estação Poblenou (linha 4) e ir caminhando pela rua Bilbao até a orla (são quatro quarteirões grandes; use o GPS do celular para não errar a passarela e andar mais que o necessário). Você estará em Mar Bella. Olhando para o mar, vire à direita e vá voltando em direção ao porto, até achar um trecho para chamar de seu. Na dúvida, um bom critério é escolher o “chiringuito” (bar de praia) que lhe parecer mais simpático e se instalar nas imediações.
E não precisa acordar cedo e sair correndo para aproveitar o dia: no verão, o sol só se põe após as 21 horas e a praia só vai começar a engrenar lá pelas 14 ou 15 horas. Chegue mais tarde para aproveitar a ferveção – ou vá cedinho, se a ideia é passar longe do agito. Na hora da fome, recorra a um chiringuito ou restaurante (os frutos do mar do Las Sardinitas, em Nova Icària, andam disputados) ou, se seu paladar for mais exigente, aproveite a excelente oferta de gastronomia do Born, ali perto, ao lado do Parc de la Ciutadella.
Sitges. Uma ótima sugestão para variar o cenário sem alugar um carro é ir a Sitges. O balneário fica 35 quilômetros ao sul de Barcelona, com acesso fácil de trem. A viagem leva 45 minutos e o bilhete de ida e volta custa ¤ 8,40 (dá para embarcar nas estações Sants, Passeig de Gràcia ou Estació de França).
Sitges é compacta e fácil de ser explorada a pé. A estação de trem fica em pleno centro histórico, com ruelas cheias de lojas, cafés e butiques que abrem de domingo a domingo. O lugar tem um certo charme mediterrâneo – mas a atmosfera é menos sofisticada e mais despretensiosa que a de Ibiza, por exemplo.
Na orla, diversos restaurantes servem tapas, paellas e fideuàs (mas espere pagar o dobro do que cobraria uma casa similar em Barcelona, sem vista para o mar). No alto de uma pequena colina, a Igreja de São Bartolomeu e Santa Tecla, construída no século 17, serve de ponto de referência e símbolo de Sitges.
Algumas praias são faixas de areia clara que percorrem o passeio marítimo, enquanto outras se formam em pequenas enseadas cercadas por rochas. As mais próximas ao centrinho, como La Ribera e La Fragata, ficam quase impraticáveis em agosto, no pico da alta estação.
A frequência mistura famílias, grupos de amigos e também muitos gays – especialmente em Platja dels Balmins e Bassa Rodona, as preferidas desse público, que tem em Sitges um de seus principais destinos de praia em toda a Europa.