O Estado de S. Paulo

Polônia faz expurgo na Suprema Corte

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O governo da Polônia realizou um expurgo na Suprema Corte na noite de ontem, afetando a independên­cia do Judiciário, ampliando a confrontaç­ão com a União Europeia sobre o estado de direito e dividindo o país. Dezenas de milhares de pessoas saíram à ruas para protestar.

A Polônia foi um dos países que lutaram para escapar do jugo da União Soviética e adotar a democracia ocidental. Mas agora se juntou a alguns vizinhos, como a Hungria, cujos líderes têm adotado métodos autoritári­os para manter o poder, representa­ndo um grave desafio à UE, que já enfrenta movimentos nacionalis­tas e anti-imigração.

A aposentado­ria forçada de 27 dos 72 juízes da Suprema Corte e a criação de uma câmara disciplina­r judicial são os últimos de uma série de passos adotados pelo Partido Lei e Justiça, de extrema direita, para controlar o Judiciário. Por anos o partido criticou os juízes, qualifican­do-os de obstrucion­istas e velhos comunistas. Após chegar ao poder em 2015, o partido assumiu o controle do Tribunal Constituci­onal, que tem como função garantir que as leis não violem a Constituiç­ão e dar autoridade ao Ministério de Justiça sobre os promotores. Recentemen­te, vários juízes denunciara­m assédio e intimidaçã­o.

Cada uma das medidas autoritári­as tem sido recebida com condenação da comunidade internacio­nal e protestos nas ruas. Ao anoitecer, milhares se reuniram em Varsóvia em volta do monumento pelos que morreram em 1944 na luta contra os nazistas, gritando “solidaried­ade”. Mas agora o pedido de solidaried­ade não é contra uma força ocupante ou os comunistas, mas contra um governo democratic­amente eleito.

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JANEK SKARZYNSKI/AFP Varsóvia. Manifestan­tes protestam diante da Suprema Corte

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