Candidatos falam em controle do câmbio e em corte de impostos
Propostas foram apresentadas em evento da CNI que reuniu 2 mil empresários
Em encontro ontem com cerca de 2 mil empresários, em Brasília, pré-candidatos à Presidência apresentaram propostas econômicas como o controle do câmbio e do juro e a redução de impostos para empresas. A primeira medida foi defendida por Ciro Gomes (PDT). Ele também propõe usar bancos públicos para baratear o crédito. Ainda no evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Geraldo Alckmin (PSDB) citou como exemplo Donald Trump e falou em diminuir o Imposto de Renda das empresas. Marina Silva (Rede) gerou reação negativa da plateia ao falar em rever pontos que chamou de “draconianos” da reforma trabalhista. Ciro também disse que pretende mudar pontos da reforma, em vigor desde novembro.
Em um encontro ontem com cerca de 2 mil empresários, em Brasília, pré-candidatos à Presidência apresentaram propostas econômicas como o controle do câmbio e dos juros e a redução de impostos para as empresas. A primeira medida foi defendida pelo presidenciável do PDT, Ciro Gomes, que também prometeu usar bancos públicos do País para baratear o crédito. Ainda no evento, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), enquanto o tucano Geraldo Alckmin falou em diminuir o Imposto de Renda das companhias, Marina Silva (Rede) gerou reação negativa da plateia ao prometer rever pontos “draconianos” da reforma trabalhista. Ciro também disse que pretende mudar o texto aprovado pelo Congresso.
Ao prometer reduzir o imposto das empresas, o presidenciável tucano citou como exemplo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Veja que nos Estados Unidos o presidente Donald Trump reduziu o imposto. Temos de estimular novos investimentos e fazer com que venham para cá”, afirmou Alckmin. Após a palestra, porém, coube ao assessor econômico de Alckmin, Persio Arida, explicar que a queda de arrecadação seria compensada com a adoção de um novo imposto. Ele incidiria sobre os dividendos pagos pelas empresas a seus acionistas – uma pauta polêmica e defendida, historicamente, pela esquerda.
Presente na plateia, o industrial do ramo cerâmico Francisco Xavier de Andrade afirmou que a redução de impostos poderia ter efeito positivo sobre as contas públicas, ao estimular o aumento de empregos formais. “Com alíquota menor, a informalidade diminui, o que aumenta a arrecadação.”
Câmbio. Ciro Gomes, do PDT, também escolheu para sua fala dois temas caros aos empresários – câmbio e juros. “Vou agir nos dois preços centrais que estão desindustrializando o Brasil”, disse ele. Sem citar valores, defendeu um patamar para o dólar que estimule as exportações. No caso da taxa de juro, disse que pretende usar o Banco do Brasil e a Caixa para baratear o crédito, citando na sequência uma das operações mais comuns na contabilidade das empresas – o desconto de duplicata. Segundo ele, o juro nessa operação poderia cair pela metade, para 0,75% ao mês. O uso dos bancos públicos também foi um dos instrumentos adotados pela presidente cassada Dilma Rousseff para forçar as instituições privadas a cortar suas taxas.
José Luis Korman, empresário do ramo de tecnologia do Rio Grande do Sul, viu colegas aplaudindo a proposta, mas demonstrou contrariedade. “É um canto de sereia de curto prazo. A experiência já mostrou que o controle de preços é o pior cenário”, disse.
O custo do crédito também foi citado por Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB, e por Marina Silva, da Rede, que prometeram adotar medidas para baratear o custo dos empréstimos, mas sem interferência de bancos públicos.
‘Selvagem’. A promessa de rever pontos da reforma trabalhista, ao contrário, gerou reação negativa dos empresários. Marina prometeu rever pontos “draconianos”, enquanto Ciro disse que a mudança foi “selvagem”, o que provocou vaias de alguns presentes. “Fui vaiado por uma pequena fração, mas não estou preocupado.”
O deputado Jair Bolsonaro defendeu a ampliação do espaço da iniciativa privada na economia e a redução do Estado, com corte no número de ministérios. Ele voltou a dizer que pretende indicar mais militares para cargos-chave da sua administração. Mas o pré-candidato do PSL foi criticado por alguns participantes por não ter detalhado nenhuma proposta de maior interesse dos empresários, como a reforma da Previdência. / FERNANDO NAKAGAWA, FELIPE FRAZÃO, LEONENCIO NOSSA e RENAN TRUFFI
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