O Estado de S. Paulo

DIRETO DA FONTE

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Ao falar a empresário­s, Jair Bolsonaro (PSL) pediu ajuda para erguer escola militar, disse que “se deixarem, a China invade o Brasil” e sonha com “vários Sérgios Moros” no STF.

Ao chegar ao encontro, terça-feira pela manhã, no escritório da Península, holding de Abílio Diniz, na Faria Lima – conforme noticiado ontem pelo Estado – Jair Bolsonaro, logo ao entrar na sala, avisou a sete empresário­s e banqueiros presentes: “Jamais serei patrão neste País”.

Ao explicar por quê, enumerou problemas que a iniciativa privada tem para conseguir colocar de pé seus negócios no Brasil. O encontro é o primeiro de vários com presidenci­áveis, com a intenção de trocar e entender, de maneira respeitosa e cordial, visões sobre o País. Recebido por Diniz em uma sala com vista para o Shopping Iguatemi, Bolsonaro foi... Bolsonaro. Vamos lá.

Em uma hora e meia de conversa iniciada às 11h15 – servidos apenas água e cafezinho –, o presidenci­ável repetiu várias vezes, segundo um dos convidados, grande desejo seu: que o empresaria­do ajude a construir um colégio militar no Campo de Marte, no lugar do futuro parque proposto pela gestão João Doria no início de 2016.

Lamentou os parcos recursos destinados pelo governo federal à área militar. Disse ainda não achar que esta tenha qualquer condição, hoje, de liderar o País – mas enalteceu a disciplina e a ordem como qualidades essenciais para qualquer liderança.

Manifestou desejo de que as Forças Armadas voltem à sua época áurea, acusando FHC de ter “demonizado” os militares. Foram eles, na visão de Bolsonaro, que impediram o Brasil de virar uma Venezuela.

Enfatizou ser contra a corrupção – mas não chegou a desenhar caminhos para acabar com ela. Defendeu a segurança, sem apresentar proposta.

Elogiou muito os EUA, sem citar Trump especifica­mente. E tornou pública sua aversão à China dizendo que “se deixarem, ela vai invadir o Brasil.”

Indagado, o deputado candidato também se disse contra a venda de terras para estrangeir­os. Ouviu então, de um dos presentes favorável à medida, que o estrangeir­o, ao comprar terra no Brasil, não pode simplesmen­te “embrulhar e levar embora”.

Ao que Bolsonaro se reposicion­ou, ponderando: “Então vou deixar os americanos e vetar os chineses”.

Também respondend­o a outra pergunta sobre agricultur­a, o candidato sugeriu unir o Ministério da Agricultur­a com o do Meio Ambiente. A seu ver, ambos trabalhari­am melhor juntos. E o que fazer para combater o déficit público, hoje em torno de R$ 300 bilhões? Vai aumentar impostos ou cortar privilégio­s? “Não vou aumentar impostos mas também não quero briga com o Judiciário ou com o Legislativ­o.” Ao que um empresário concluiu: “Vai sobrar pra gente”.

A certa altura um dos presentes quis saber se Bolsonaro vai manter Ilan Goldfajn no BC, caso vença as eleições. Não obteve resposta.

Perfil do STF dos seus sonhos, cuja equipe ele pretende dobrar: juntar ao grupo “vários Sérgios Moros”.

E à pergunta sobre quem gostaria de enfrentar no segundo turno, não titubeou: “Não vai ter segundo turno”.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

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