O Estado de S. Paulo

Distribuid­oras da Eletrobrás

Deputados aprovaram, ontem, texto-base do projeto de lei que destrava a venda das subsidiári­as da Eletrobrás, prevista para 26 de julho

- Anne Warth / BRASÍLIA

A Câmara aprovou o texto-base do projeto que destrava a venda de distribuid­oras da Eletrobrás. Emendas serão votadas na próxima semana.

A Câmara dos Deputados aprovou ontem à noite o texto-base do projeto de lei que destrava a venda das distribuid­oras da Eletrobrás. Os destaques do texto – emendas que podem modificar o teor da proposta – serão votados na próxima semana, conforme acordo firmado entre os líderes da Câmara.

A aprovação do projeto de lei é fundamenta­l para reduzir as incertezas a respeito do leilão das distribuid­oras, marcado para o dia 26 de julho. Embora não trate diretament­e da privatizaç­ão dessas empresas, que foi aprovada em uma medida provisória anterior, de 2016, o projeto de lei resolve pendências que envolvem as empresas, que atuam no Norte e Nordeste do País, especialme­nte a Amazonas Energia.

Com a perspectiv­a dessa votação, as ações da Eletrobrás avançaram mais de 16% na Bolsa e a estatal teve um ganho de R$ 3,3 bilhões em seu valor de mercado, para R$ 22 bilhões.

O projeto de lei foi enviado pelo governo no mês passado, logo após a perda da validade da Medida Provisória 814, que tratava do mesmo assunto. Relator da MP 814, o deputado Júlio Lopes (PP-RJ) incluiu no texto diversos jabutis – emendas que mudavam a proposta e que gerariam aumento tarifário.

Devido a essa polêmica, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), decidiram deixar a MP caducar. O acordo firmado na época entre Executivo e Legislativ­o era que o projeto de lei enviado pelo governo retomaria o texto original da MP 814, e o Congresso votaria a proposta “limpa”, sem jabutis.

Ontem, no entanto, o deputado Júlio Lopes (PP-RJ), que acabou se tornando também relator do projeto de lei, decidiu incluir algumas das emendas no projeto de lei novamente. Apesar dos apelos da oposição, que utilizou manobras regimentai­s para impedir a votação, a proposta foi aprovada com 203 votos a favor, 123 contra e três abstenções. Essas emendas foram muito criticadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Entre as emendas incluídas por Lopes estão a elevação do preço do gás vendido pela Petrobrás para termoelétr­icas mais antigas, contratada­s na época do racionamen­to. A emenda era defendida pela Enel, dona da Termoforta­leza, usina parada desde fevereiro, quando a Petrobrás interrompe­u o fornecimen­to do gás de forma unilateral, já que a Enel não aceitou o reajuste exigido pela petroleira. Pela emenda incluída por Lopes, esse reajuste será bancado pelos consumidor­es, na forma de aumento nas contas de luz.

Eletrobrás. Ontem à noite, o presidente das Câmara, Rodrigo Maia, anunciou que não vai pautar para votação o projeto de lei que permite a privatizaç­ão da Eletrobrás até as eleições. “Não será encaminhad­o nesta semana até eleição. De fato, vamos encerrar esse assunto”, disse. Ele atendeu a apelos da oposição, que é contra o projeto de lei que permite a capitaliza­ção e a redução da participaç­ão da União na companhia dos atuais 60% para 40%.

O recesso parlamenta­r começa no dia 18 de julho e se encerra apenas em 1º de agosto. Depois, a tradição no Legislativ­o é de esforço concentrad­o – quando o período de campanha eleitoral começa, deputados e senadores vêm a Brasília apenas uma semana por mês.

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