O Estado de S. Paulo

Ministro diz monitorar ‘candidato do crime’

Raul Jungmann, da Segurança Pública, afirma que objetivo é impedir que pessoas ligadas a milícias e facções, se eleitas, assumam mandatos

- Fábio Grellet / RIO

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse ontem que órgãos federais e estaduais do Rio monitoram pré-candidatur­as de pessoas ligadas ao crime organizado, como as milícias e as facções criminosas. O objetivo, de acordo com o ministro, é impedir que, caso sejam eleitos, esses candidatos tomem posse ou cumpram o mandato.

“O crime organizado chegou a controlar 800 comunidade­s no Rio de Janeiro. Quem tem o controle do território muitas vezes consegue o controle do voto para eleger seus representa­ntes e aliados”, afirmou Jungmann a jornalista­s durante evento no Rio.

O ministro disse ainda que tomará “providênci­as” para evitar que pessoas vinculadas ao crime organizado assumam os cargos. “Se houver essa influência (de milícias e facções na disputa), vamos tomar providênci­as para evitar que esses representa­ntes do crime organizado tomem posse”, afirmou.

Jungmann citou um grupo de trabalho criado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) integrado por representa­ntes da própria Corte Eleitoral, da Polícia Federal, das polícias do Rio, da Agência Brasileira de Inteligênc­ia (Abin) e do Ministério Público. “Todos estão mobilizado­s para que, se houver essa influência, possamos evitar que esses representa­ntes do crime organizado tomem posse e, se chegarem a tomar posse, que sejam cassados”, reafirmou o titular da Segurança Pública.

Jungmann participou, no Rio, do lançamento de um projeto realizado em parceria pelos ministério­s da Segurança Pública e da Cultura. O programa #economiacr­iativagera­futuro pretende oferecer cursos profission­alizantes a 8 mil jovens moradores de favelas. O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, também participou do evento.

“Não é possível que o crime organizado se infiltre no Poder Legislativ­o, seja em qualquer nível. E também não é aceitável que haja representa­ção de criminosos onde se dá a representa­ção popular do Rio de Janeiro”, declarou Jungmann.

Marielle. Durante o evento, que ocorreu no Centro Técnico Audiovisua­l, em Benfica (zona norte), Jungmann foi cobrado pelos presentes sobre uma solução para o homicídio da vereadora do PSOL Marielle Franco, assassinad­a em 14 de março.

“Sempre sou muito cobrado sobre a violência, sobre Marielle, sobre diversas coisas, mas estamos aqui justamente para celebrar a vida, a arte e a criação. Estou aqui para lembrar que a ponte entre nós todos é a cultura. Essa é a melhor política de segurança que existe, não é com fuzis e armas. Não adianta pensar que vamos resolver tudo só pelo lado da repressão”, afirmou o ministro.

O projeto lançado ontem vai oferecer 50 cursos profission­alizantes em áreas como fotografia, produção de TV e cinema, programaçã­o de internet, figurinist­a, pintura digital, desenho e edição de vídeo para jovens com mais de 14 anos que moram em 40 áreas vulnerávei­s do Estado do Rio. O interessad­o precisa ter concluído o sexto ano do ensino fundamenta­l e permanecer na escola. Cada um vai receber uma bolsa de estudos de cerca de R$ 900.

“O crime organizado chegou a controlar 800 comunidade­s no Rio. Quem tem o controle do território muitas vezes consegue o controle do voto para eleger representa­ntes e aliados. Se houver essa influência, vamos tomar providênci­as.” Raul Jungmann

MINISTRO DA SEGURANÇA PÚBLICA

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