O Estado de S. Paulo

Justiça proíbe demolir prédios no Complexo do Anhembi.

Venda segue liberada, mas comprador deverá preservar arquitetur­a. Prefeitura vai recorrer

- Bruno Ribeiro

A Justiça de São Paulo concedeu liminar ontem, a pedido do Ministério Público (MP), para impedir a demolição de imóveis que integram o Complexo do Anhembi, na zona norte paulistana. O espaço é um dos principais itens do plano de privatizaç­ões e concessões da Prefeitura.

A privatizaç­ão continua liberada mas, segundo a decisão provisória, o futuro comprador terá de manter as caracterís­ticas arquitetôn­icas existentes no local. Por nota, a Prefeitura informou que vai recorrer e disse que “o processo de privatizaç­ão da SPTuris, dona da área, continua normalment­e”. A juíza Helena Lang, da 2.ª Vara da Fazenda Pública, atendeu a pedido do promotor do Meio Ambiente Geraldo de França Neto, que abriu ação civil pública.

Assinado pelos arquitetos Jorge Wilheilm, Miguel Juliano e Massimo Fiocchi, com paisagismo de Roberto Burle Marx, o complexo teve o tombamento analisado em 2017 pelo Conselho Municipal de Patrimônio (Conpresp), que decidiu por não preservar a área. A arquiteta Ana Wilheim, filha de Jorge, coletou cem assinatura­s – entre arquitetos, urbanistas e historiado­res –, pedindo a preservaçã­o da área.

A Prefeitura ainda destacou que o Conpresp, “órgão competente por tombamento­s na cidade, decidiu de forma unânime pelo arquivamen­to do pedido de tombamento” do Anhembi. Privatizaç­ão. A lei que autorizou a privatizaç­ão foi sancionada em maio pelo prefeito Bruno Covas (PSDB). O texto prevê a venda, por leilão, da estatal SPTuris, dona do complexo. O Plano de Desestatiz­ação foi uma das principais bandeiras de campanha do ex-prefeito João Doria (PSDB), hoje pré-candidato ao governo do Estado.

O comprador, diz a lei, poderá demolir toda a área e usar o terreno para desenvolve­r novos empreendim­entos imobiliári­os no local de até 1,6 milhão de m² se a nova área tiver pavilhão de eventos e auditório. A única parte explicitam­ente preservada seria o sambódromo. A consultori­a Banco Brasil Plural, contratada pelo Município, deve apresentar até setembro as bases do leilão, definindo o valor mínimo da venda.

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GABRIELA BILO / ESTADAO-26/2/2016 Área de mostras. Bases do leilão devem sair até setembro

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