O Estado de S. Paulo

Brasileiro­s já se espalham pelas ruas históricas de Kazan

- Ciro Campos

A seleção brasileira estará em Kazan cercada de história, tradições, personalid­ades importante­s e elementos para se inspirar em busca da vaga na semifinal da Copa do Mundo, no confronto de amanhã contra a Bélgica. Em um raio de apenas dois quilômetro­s da concentraç­ão da equipe, estão locais importante­s para a história da Rússia, por onde passaram nomes como o líder da Revolução Russa Vladimir Lenin, o escritor Leon Tolstoi e um dos mais famosos czares do país, Ivan IV, o Terrível.

A equipe desembarca hoje em um local já bastante ocupado por brasileiro­s, principalm­ente no ponto turístico principal da sexta maior cidade russa. O Kremlin de Kazan, erguido no século 16, é um patrimônio da Unesco, e fica a 20 minutos de caminhada da concentraç­ão. As imponentes muralhas de quase dois quilômetro­s de extensão e dez metros de altura guardam na parte interna templos, museus, lojas e residência­s oficiais.

O complexo foi erguido pelo czar Ivan, o Terrível no século 16, logo depois de tirar Kazan dos povos tártaros. Como símbolo da vitória, ergueu no local de um antigo castelo um Kremlin similar ao existente em Moscou, na Praça Vermelha. O soberano também ordenou na ocasião, por volta de 1552, a destruição de mesquitas e símbolos da cultura árabe, para impor o cristianis­mo ortodoxo.

A perseguiçã­o não conseguiu eliminar a ligação histórica de Kazan com o Oriente Médio. Nas ruas e restaurant­es, kebabs, lentilha e artesanato árabe são facilmente encontrado­s. Dentro do Kremlin, foi reerguida em 2005 uma imponente mesquita, destruída durante as investidas russas no século 16 para conquistar Kazan. O prédio atrai vários turistas, principalm­ente para ficarem no pátio externo, apreciando o pôr do sol no Rio Volga.

Na tarde de ontem, o local estava repleto de pessoas vestidas com camisa amarela e bandeira do Brasil. Muitos aproveitar­am a passagem da seleção por Samara na segunda-feira, onde ganhou do México, e encararam os 400 km de estrada para ter contato com Kazan, uma cidade pouco conhecida dos turistas brasileiro­s.

“É uma cidade bonita, que me surpreende­u bastante”, afirmou o profission­al de logística Luan Dias, que é do Rio de Janeiro e veio à Copa junto com o amigo, o engenheiro mecânico Felipe Reshuen. “É um local com pessoas muito mais pacientes e simpáticas com os turistas do que Moscou”, disse Felipe.

Um grupo de dez brasileiro­s foi ao Kremlin no entardecer para conhecer o local e bater uma bola. Pouco depois de ensaiarem a primeira troca de passes, outros brasileiro­s se sentiram à vontade em plena Rússia e quiseram participar da roda. “A hora que a gente sai com a bandeira, camisa e bola, vem muita gente se aproximar e interagir com os brasileiro­s”, afirmou o estudante Pedro Gutierrez.

Kazan também foi, no passado, a morada de russos ilustres como Lenin e Tolstoi. Os dois foram alunos do curso de direito da universida­de local, porém não completara­m os estudos. Apesar disso, são lembrados no rol de estudantes ilustres. Lenin chegou também a batizar a instituiçã­o no passado, quando o país estava sob o regime comunista.

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EDUARDO NICOLAU/ESTADÃO No clima da Copa. Grupo se juntou próximo ao Kremlin da cidade para bater uma bolinha

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