O Estado de S. Paulo

Elena Landau estreia coluna nesta sexta-feira

Ex-BNDES, economista diz que é preciso propor discussões sobre privatizaç­ões e que o País precisa avaliar a fundo as propostas eleitorais

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A economista e advogada carioca Elena Landau estreia amanhã uma coluna quinzenal no ‘Estado’. O espaço vai ser dedicado a discutir as medidas necessária­s para que o setor público brasileiro se torne mais eficiente, como a desestatiz­ação. É crucial que o País avance, diz, para garantir a recuperaçã­o da economia após anos de crise.

Formada pela PUC-Rio, Landau ganhou notoriedad­e nos anos 1990, por colaborar com o Programa Nacional de Desestatiz­ação. Em 1994, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, ela se tornou diretora do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), onde permaneceu até 1996 e também passou pelo conselho administra­tivo da Eletrobrás.

No fim do ano passado, depois de 25 anos, a economista deixou o PSDB e atualmente é presidente do Conselho Acadêmico do Livres, movimento que tem orientação liberal.

Landau avalia que é preciso propor a discussão das privatizaç­ões. “Acredito que toda empresa é passível de ser privatizad­a. Não tenho restrições, mas é preciso reavaliar a comunicaçã­o com a sociedade. Se você perguntar ao cidadão se ele é a favor da privatizaç­ão de uma empresa pública, instintiva­mente dirá que não. Mas se ele for convidado a avaliar se é melhor que o governo gaste bilhões com aquela empresa ou investir esse mesmo dinheiro em saúde e educação, a resposta será outra.”

Ela também considera que a população está preparada para debater as necessidad­es de redução do tamanho do Estado, buscando uma maior eficiência da máquina pública e a redução das despesas do governo.

“Se o governo souber explicar, a sociedade está madura para fazer esse debate. Mesmo sem a aprovação da reforma da Previdênci­a pelo governo atual, as pessoas já sabem que existe um regime injusto e desigual. O próximo presidente vai ter de fazer esse debate acontecer.”

Para ela, o debate econômico este ano já se tornou mais importante do que em eleições anteriores. “O que se percebe é que até os assessores econômicos dos pré-candidatos se tornaram personagen­s importante­s no debate eleitoral de agora. Isso é uma novidade. Há um diagnóstic­o comum entre eles, todo mundo fala da necessidad­e de o País crescer, mas há muitas diferenças no detalhamen­to das propostas. É preciso discutir.”

Landau diz que 2018 é um divisor de águas e que as incertezas eleitorais podem fazer com que o País volte ao populismo. “O que percebemos no cenário atual é um discurso populista ainda muito forte. Por um lado, à direita, tem o deputado Jair Bolsonaro (PSL). Por outro, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que se diz de esquerda, mas é só um intervenci­onista.”

Ela diz acreditar que, ainda que a recuperaçã­o da economia tenha adquirido centralida­de no debate eleitoral, é preciso avaliar as propostas dos précandida­tos com profundida­de.

“O Brasil precisa avançar para garantir a recuperaçã­o da economia, não pode perder o gancho da história. Além das virtudes da privatizaç­ão, é necessário debater uma reforma da Previdênci­a que reduza os gastos da União e rediscutir qual será o papel do Estado no futuro.”

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FABIO MOTTA/ESTADÃO-24/1/2018 Decisivo. 2018 vai ser um divisor de águas, diz Landau

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