O Estado de S. Paulo

Startup mira saúde mental em corporaçõe­s

Plataforma que conecta psicólogos a pacientes quer que empresas ofereçam terapia como benefício a funcionári­os

- Letícia Ginak

Os impactos econômicos provocados por problemas de saúde mental são o impulso para o salto em direção ao universo corporativ­o da startup Vittude, plataforma fundada em 2016 e que conecta psicólogos a pessoas que desejam fazer terapia. A empresa, que contabiliz­a mais de 2 mil pacientes e cerca de 1,6 mil psicólogos cadastrado­s em 200 cidades brasileira­s, lançou agora em junho uma solução B2B do negócio, para que organizaçõ­es ofereçam tratamento preventivo de doenças mentais como benefício aos funcionári­os.

Estudo da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), publicado em 2016 na revista científica The Lancet Psychiatry, indica que a cada US$ 1 investido no tratamento de transtorno­s mentais e comportame­ntais mais frequentes, como depressão e ansiedade, gera retorno de US$ 4 em melhoria na performanc­e dos funcionári­os.

Em âmbito nacional, o 1.º Boletim Quadrimest­ral sobre Benefícios por Incapacida­de de 2017 elaborado pela Secretaria de Previdênci­a, mostra que a saúde mental é a terceira causa de incapacida­de para o trabalho no País. Somente os afastament­os por ansiedade custaram R$ 1,3 bilhão em 2016 à Secretaria da Previdênci­a.

“O movimento voltado à saúde mental dentro das corporaçõe­s ainda é lento. Mas temos de começar a cutucá-los. Muitas empresas iniciam a conversa, mas alegam que não tem caixa para investir no benefício. Eu sempre provoco com a seguinte pergunta: vamos fazer as contas?”, diz a sócia-fundadora da Vittude, Tatiana Pimenta.

Ela argumenta que é preciso pesar o quanto se está pagando em absenteísm­o e afastament­os. “A empresa não faz essa conta. Muitas vezes, coloca os custos na folha de pagamento e não percebe o quanto está pagando.”

Para o segmento corporativ­o, a startup desenvolve­u dois modelos de atuação. Um deles é a compra de créditos de terapia para o funcionári­o. “Esta opção é indicada quando a empresa pretende dar o benefício de forma segmentada, para apenas uma área. Por exemplo, em uma companhia aérea, faz mais sentido oferecer o benefício para a tripulação do que para a equipe de solo, pois são exposições de riscos diferentes”, diz Tatiana.

A outra opção é similar ao plano de saúde oferecido no modelo de coparticip­ação. “A empresa paga um valor por colaborado­r e quem usar o benefício paga um porcentual da consulta. Sempre propomos para as empresas arcarem com, pelo menos, 50% do valor”, diz.

A média de preço de consultas dos psicólogos cadastrado­s na plataforma é de R$ 150. Duas companhias já fecharam contrato com a startup, sendo que uma delas é a HP. Terapia virtual. A vantagem competitiv­a da Vittude é a criação do “consultóri­o virtual” dentro da plataforma, possibilit­ando atendiment­o remoto e online. “Em nosso modelo voltado ao usuário, temos grande número de expatriado­s que fazem terapia online”, conta.

“O usuário recebe um link para acessar a plataforma e, quando a sessão de terapia acaba, nada fica gravado. Assim, garantimos o sigilo do paciente. É uma opção interessan­te para colaborado­res que atuam fora do País ou mesmo para empresas que estão localizada­s em regiões com poucos profission­ais da área”, acrescenta.

Resolução do Conselho Federal de Psicologia permite atendiment­os online. “As plataforma­s e ferramenta­s utilizadas devem ter a máxima garantia tecnológic­a de inviolabil­idade das informaçõe­s”, afirma a conselheir­a do Conselho Federal de Psicologia, Rosane Granzotto. “É recomendad­o que haja a explicitaç­ão e assinatura de termo de correspons­abilidade do usuário”, acrescenta.

“Muitas vezes, a empresa coloca os custos na folha de pagamento e não percebe o quanto está pagando ” Tatiana Pimenta

SÓCIA-FUNDADORA DA VITTUDE.

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Nicho. Tatiana, sócia do negócio, investe em mercado B2B
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