Sob queixas, sai plano para zerar hepatite C até 2030
Previsão é de atender 50 mil pacientes por ano, entre 2019 e 2024; atraso em protocolo reduziu programa em 2018, segundo o governo
Em meio às queixas de associações de falta de medicamentos para atender novos pacientes, o Ministério da Saúde anunciou ontem o lançamento de um plano para eliminar a hepatite C até 2030. A estratégia prevê a redução das etapas para o diagnóstico da doença e a ampliação da testagem em grupos considerados prioritários (como pessoas vivendo com HIV/aids, pacientes que fazem diálise, usuários de drogas e bebês de mães que têm hepatite C).
A previsão é atender 50 mil pacientes por ano, entre 2019 e 2024. Este ano devem ser entregues tratamentos para 19 mil pacientes. O quantitativo agora anunciado pelo ministério, no entanto, é bem menor do que o divulgado em 2017. Ano passado, a pasta já havia firmado o compromisso de ofertar pelo menos 50 mil tratamentos anuais, começando em 2018.
A diretora do Departamento de IST, HIV/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, atribui a mudança do cronograma e a redução das metas para este ano ao atraso na publicação de um documento que seria indispensável para o início do processo de compras, o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas. O manual, com indicações de como deve ser feito o tratamento, foi lançado em março.
Integrante do grupo Otimismo, Carlos Varaldo afirmou haver um número considerável de pacientes que têm o diagnóstico de hepatite C e indicação de tratamento, mas que, até agora, não recebe os remédios necessários. Já Adele afirma que uma compra de 8 mil tratamentos foi feita para atender à demanda imediata e os medicamentos deverão ser entregues no prazo de um mês. Ela assegura ainda que um processo de compra para 50 mil tratamentos será iniciado em breve. Desse montante, 20 mil seriam entregues este ano e o restante, em 2019.
Mortes. Ano passado foram identificados 24.460 pacientes com hepatite C. No ano anterior, foram 28.397 casos.
A doença é mais comum em pessoas com mais de 40 anos e pode causar cirrose e câncer. A diretora do ministério diz que hoje 325 mil pessoas no País têm hepatite e não sabem. De 2000 a 2016, o Brasil registrou 23 mil mortes por hepatite C.