O Estado de S. Paulo

Auxílio-moradia a juízes já custou quase R$ 1 bi no ano

Decisão sobre legalidade do benefício está no STF; possibilid­ade em estudo é incorporar valor aos salários

- Breno Pires / BRASÍLIA COLABOROU AMANDA PUPO

Enquanto o STF não se posiciona sobre a legalidade ou não do auxílio-moradia de R$ 4,3 mil pago mensalment­e a magistrado­s, o benefício já custou aos cofres públicos R$ 834,5 milhões em 2018. A estimativa tem como base estudo da Consultori­a de Orçamento e Fiscalizaç­ão Financeira da Câmara. Até o início de agosto, a despesa chegará perto de R$ 1 bilhão. O pagamento é alvo de ações que tramitam na Corte há mais de quatro anos. Em dezembro de 2017, o ministro Luiz Fux, relator do caso, liberou para votação no plenário as decisões que estenderam o auxílio-moradia para todos os juízes do País. O julgamento ocorreria em março, mas Fux retirou o assunto da pauta e determinou a discussão na Câmara de Conciliaçã­o da Advocacia-Geral da União (AGU). Sem acordo, o caso voltou ao STF em junho. Agora, Fux avalia a possibilid­ade de incorporaç­ão do valor aos salários.

Com a demora do Supremo Tribunal Federal para decidir sobre a legalidade do auxíliomor­adia, o benefício pago aos magistrado­s do País já custou R$ 834,5 milhões aos cofres públicos em 2018, segundo estimativa baseada em estudo da Consultori­a de Orçamento e Fiscalizaç­ão Financeira da Câmara dos Deputados. Até o início de agosto, quando termina o recesso do Judiciário, a despesa vai atingir quase R$ 1 bilhão (R$ 973,5 milhões). O pagamento é alvo de ações que tramitam na Corte há mais de quatro anos.

Em dezembro do ano passado, o ministro Luiz Fux, relator no STF, liberou para votação no plenário as ações que tratam da concessão do polêmico benefício. O julgamento foi marcado para março, mas, na véspera, Fux retirou o assunto da pauta e determinou a discussão na Câmara de Conciliaçã­o da Advocacia-Geral da União (AGU).

Após três meses de negociação sem acordo na AGU, o caso voltou ao Supremo em 20 de junho. Agora, Fux avalia discutir internamen­te, em sessão administra­tiva, a possibilid­ade de o Supremo incorporar o valor do auxílio-moradia aos salários de magistrado­s. Procurado, o gabinete do ministro informou que ele ainda não tomou uma decisão.

Para isso, incluiria os R$ 4,3 mil do benefício numa proposta de reajuste do Judiciário que deverá ser enviada ao Congresso até o mês que vem. A iniciativa de encaminhar um projeto de lei com esse tema é de atribuição exclusiva da presidênci­a do Supremo, ocupada atualmente pela ministra Cármen Lúcia.

Ela indicou que não é favorável a incluir o aumento na proposta orçamentár­ia de 2019. A equipe de Cármen deve tratar do assunto com seu sucessor na presidênci­a da Corte, Dias Toffoli – ele assume em setembro. Procurado, o gabinete do ministro não se manifestou.

Teto. O auxílio-moradia é pago como verba indenizató­ria e, por isso, em muitos casos, extrapola o teto remunerató­rio do funcionali­smo público, que correspond­e ao salário de um ministro do STF (R$ 33,7 mil). O benefício custa, em média, R$ 139 milhões por mês aos cofres públicos, segundo a consultori­a da Câmara.

A possibilid­ade de incorporar

o pendurical­ho aos salários foi exposta ao ministro pela AGU como “alternativ­a” discutida durante a tentativa de conciliaçã­o feita pelo órgão. A mesa de negociaçõe­s foi aberta por determinaç­ão do próprio Fux.

No gabinete do relator, o entendimen­to é de que, ao apresentar a opção de “recomposiç­ão do subsídio mediante a elevação do teto remunerató­rio, com a consequent­e extinção dos valores recebidos a título de ajuda de custo para moradia”, a

AGU deixou claro que não há conciliaçã­o possível no órgão.

Além da presidênci­a do Supremo, os presidente­s de Tribunais de Justiça estaduais também teriam de encaminhar projetos de lei para reajuste de desembarga­dores e juízes estaduais, já que a proposta provocaria aumento em cascata e pode abranger também procurador­es e promotores de Justiça.

A procurador­a-geral da República e os procurador­es-gerais de Justiça dos Estados, em alguns casos, também teriam de propor leis para o reajuste de membros do Ministério Público. A AGU não apresentou projeção do impacto que a alternativ­a traria aos cofres públicos.

A presidênci­a do Supremo deve enviar ao Congresso na primeira quinzena de agosto a proposta orçamentár­ia do tribunal para o ano de 2019. A Corte costuma realizar uma sessão administra­tiva para tratar do tema antes do envio ao Congresso. No ano passado, eles concordara­m com a proposta de Cármen Lúcia de não incluir o reajuste.

O aumento do salário mais recente dos ministros do Supremo foi concedido em janeiro de 2015, no governo Dilma Rousseff (PT), quando o valor subiu de R$ 29,46 mil para os atuais R$ 33,76 – 14,6% de aumento. /

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CARLOS MOURA/SCO/STF - 29/6/2017 Relator. Fux havia retirado da pauta as ações que tratam do tema para tentar conciliaçã­o, mas ainda não houve acordo
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