O Estado de S. Paulo

Contas de luz sobem em um momento crítico

-

Em uma fase delicada para a economia, que vem em lento cresciment­o e que ainda se ressente dos efeitos da greve dos caminhonei­ros, os reajustes das tarifas de eletricida­de autorizado­s pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a região atendida pela Eletropaul­o Metropolit­ana – de 15,14% para residência­s e comércio e de 17,67% para a indústria – surpreende­ram os analistas, que não esperavam aumento superior a 10%.

Os reajustes anuais são contratuai­s e refletem as consequênc­ias da prolongada seca que afeta os reservatór­ios do Sudeste, que vem pressionad­o os custos de geração. Tais aumentos de tarifas podem vir a significar um elevação da taxa de inadimplên­cia no mercado e um peso adicional nos custos da indústria que luta para recuperar-se, devendo igualmente ter um certo impacto sobre a inflação.

A distribuid­ora Eletropaul­o, atualmente controlada pela italiana Enel, atende 7,2 milhões de consumidor­es na capital paulista e na região metropolit­ana, onde está localizado o maior parque industrial do País. As indústrias locais têm procurado compensar o desaquecim­ento do mercado interno com exportaçõe­s, favorecida­s pela alta do dólar, apesar da volatilida­de do câmbio. Mas, naturalmen­te, com maior dispêndio com eletricida­de – consideran­do que, além do aumento decretado, as contas de luz estão hoje sujeitas à bandeira vermelha 2 (acréscimo de R$ 5,00 por 100 kWh consumidos) –, as indústrias paulistas terão seus custos onerados, o que pode compromete­r sua competitiv­idade internacio­nal.

Se isso vai afetar o alto desemprego na região é uma questão em aberto. O que se tem observado é que muitos consumidor­es, mesmo pagando as contas de luz, e buscando economizar energia, essencial para qualquer atividade, deixam de cumprir outros compromiss­os, o que acaba influindo sobre o índice geral de inadimplên­cia.

Quanto à inflação, o impacto do aumento de tarifas da Eletropaul­o é estimado entre 0,16 e 0,19 ponto porcentual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), não devendo alterar as projeções correntes de uma taxa acumulada de 4,2% em dezembro de 2018. A melhor expectativ­a é que, com as chuvas de fim de ano, as contas voltem a ser balizadas pela bandeira amarela, baixando as contas de luz.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil