O Estado de S. Paulo

Avaliada em R$ 4,7 bi, Cesp será leiloada em outubro

É a 3ª vez que o Estado de SP tenta privatizar a elétrica; preço mínimo é de R$ 14,30 por ação, abaixo do valor da última tentativa de venda

- Circe Bonatelli

Após três tentativas frustradas, o governo do Estado de São Paulo marcou para 2 de outubro o leilão de privatizaç­ão da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), com preço mínimo por ação de R$ 14,30, o que avalia a empresa em cerca de R$ 4,7 bilhões, conforme edital divulgado ontem.

O preço é inferior aos R$ 16,80 estipulado­s na última tentativa de venda, em agosto do ano passado. A fatia do governo paulista correspond­e a 40,6% do capital social da Cesp.

Segundo especialis­tas no setor elétrico, além do preço mais baixo, as condições para a venda estão mais atraentes para investidor­es desta vez porque preveem que a usina de Porto Primavera, principal ativo do grupo, terá um novo contrato de concessão válido até 2048. No ano passado, o governo tentou vender a Cesp apenas com o contrato atual da hidrelétri­ca, que vai até 2028.

“A prorrogaçã­o da concessão de Porto Primavera facilitará bastante o processo de venda. Um ativo de energia, sob uma concessão, exige um prazo longo para o retorno dos investimen­tos”, avalia o ex-diretor da Cesp e consultor da GO Associados, Antonio Bolognesi.

Além de Porto Primavera, que responde pela maior parte dos cerca de 1,65 gigawatts do portfólio da empresa, a Cesp possui as hidrelétri­cas Paraibuna e Rio Jaguari.

O professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenado­r do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro, observa que a Cesp não participou de nenhum leilão nos últimos anos, o que mostra que o Estado não tem mais interesse em investir no setor. “Há bastante interesse do setor privado. E o governo vai aproveitar para fazer caixa”, avalia.

Outro fator que aumenta as chances de venda é a recente desvaloriz­ação do real frente ao dólar, que “barateou” o custo de possíveis aportes de grupos estrangeir­os. Em agosto do ano passado, o dólar estava cotado na casa de R$ 3,15, ante o patamar atual de R$ 3,90.

Segundo Castro, entre os cotados para dar um lance está o grupo franco-belga Engie, que figura entre os líderes privados de energia elétrica no Brasil, e a China Three Gorges (CTG), que comprou as usinas de Ilha Solteira e Jupiá, até então pertencent­es à própria Cesp. Entre os grupos nacionais, a gestora Vinci Partners já declarou interesse no ativo.

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EPITACIO PESSOA/ESTADAO-31/3/2016 Atrativo. Concessão de Porto Primavera será válida até 2048

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