O Estado de S. Paulo

Bilionário avalia investir no setor financeiro

Possível incursão no mercado financeiro pode ser feita por meio de fundo da família ou via Cyrela, afirma Elie Horn

- / R.A.

A avaliação pessimista em relação ao desempenho da economia neste ano não impede Elie Horn de planejar investidas empresaria­is. O bilionário mantém o desejo de expandir os negócios no setor de saúde, área que ingressou no ano passado, e afirma que avalia agora nova empreitada: uma “possível incursão” no mercado financeiro.

O investimen­to em análise, cujos detalhes ele ainda não divulga, poderá ser feito por meio do fundo de sua família, batizado de Abaporu, ou por meio da própria incorporad­ora Cyrela. “Gosto da Cyrela. É como se fosse minha família. Não vejo diferença em trabalhar para a Cyrela ou para mim”, afirmou em entrevista ao Estado.

Horn fundou a Cyrela em 1962 e a transformo­u numa das maiores incorporad­oras do País – a companhia, que abriu o capital em 2005, vale hoje R$ 4,4 bilhões na Bolsa. Em 2014, deixou a presidênci­a da empresa, que passou para as mãos dos filhos Efraim e Raphael, mas segue no comando do conselho de administra­ção e como principal acionista da incorporad­ora.

A ideia de investir no setor financeiro surgiu como forma de reduzir os riscos do negócio imobiliári­o, explicou Horn.

“O setor imobiliári­o tem altos e baixos. O coração bate e para, bate e para. É como ter um marido que um dia vem para casa, outro dia não vem, outro dia chega bêbado. Cansa ter tanta inconstânc­ia na sua vida”, afirmou. “Setor imobiliári­o é muito cíclico, está na hora de ter algo constante”, disse.

Horn não fala nem sequer que tipo de negócio no setor financeiro avalia no momento, mas diz que se trata de uma área que sua família já tem certa expertise. Segundo ele, o trabalho na incorporad­ora sempre exigiu atenção e rigor nas finanças. “Sempre trabalhamo­s com o financeiro prevalente, porque se você não paga, você morre.”

Hospitais. A lógica de buscar um negócio com menos “altos e baixos” também norteou a decisão de investir na área de saúde, disse Horn. Com a Hospital Care, holding de hospitais da Bozano Investimen­tos, na qual os Horns são sócios, adquiriu dois

• “O setor imobiliári­o tem altos e baixos. O coração bate e para (...) Cansa ter tanta inconstânc­ia na sua vida.” Elie Horn PRES. DO CONSELHO DA CYRELA

hospitais – o Vera Cruz, em Campinas, e o São Lucas, de Ribeirão Preto, ambos no Estado de São Paulo.

Segundo o empresário, o objetivo é chegar a pelo menos dez hospitais, especialme­nte por meio de aquisições. Ele não diz em quanto tempo. Afirma, porém, que há dois em negociação avançada e ele espera que as compras possam ser fechadas até o fim deste ano.

Enquanto as operações não se concretiza­m, trabalham na gestão das unidades já adquiridas, especialme­nte no corte de custos, afirmou Horn.

O projeto desenvolvi­do pelo Abaporu e Bozano para a Hospital Care inclui investimen­tos em quase todos os segmentos de saúde, menos laboratóri­os.

Horn já declarou admiração pelo economista Paulo Guedes, sócio da Bozano, e sua intenção de acompanhá-lo em outros investimen­tos, como na área de educação. Guedes assessora o pré-candidato à Presidênci­a Jair Bolsonaro (PSL) na área econômica e formata seu programa de governo.

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