Em prédios, atividade de férias cria conflito
Condomínios contratam equipes para garantir o entretenimento de suas crianças, mas pagamento pode provocar polêmicas entre os moradores
As férias escolares trazem uma preocupação extra para muitos síndicos de residenciais: como garantir o entretenimento dos moradores mirins, evitando transtornos maiores para o condomínio? A resposta pode ser a contratação de equipes de recreação e assessoria esportiva. A medida, porém, não está isenta de provocar conflitos. É comum condôminos sem filhos reclamarem do gasto extra nas despesas ordinárias do prédio.
A opinião do síndico profissional Mauro Possatto é de que o pagamento por criança, e não na taxa de condomínio, deve ser feito apenas quando não há dinheiro em caixa. “Se o condomínio tem condição de fazer o pagamento sem nenhum prejuízo, tem de fazer. Primeiro, porque acaba trazendo economia
com gastos de manutenção (para resolver problemas eventualmente causada pelas crianças sem atividade dirigida) e, segundo, é um custo que não afeta o orçamento anual.”
A maioria das mães de um residencial no Tatuapé tem o mesmo entendimento. “É um atrativo e o valor é irrisório perto de um aparelho de academia ou de um interfone quebrado”, diz Cristiane Santos, de 43 anos, mãe do Matheus, de 10.
A dona de casa Eliane Aguiar,
A programação das assessorias também costuma incluir brincadeiras de rua e de roda, atividades em quadra, manuais e de circo, oficinas, gincanas e campeonatos esportivos.
44 anos, mãe de João Vitor, de 9, também opina: “No meu prédio, há espaço para pets e eu não tenho cachorro, mas se tiver de fazer melhorias, vou apoiar. E a recreação é um cuidado maior para o condomínio, porque as crianças aprontam muito mais se estão sem acompanhamento”.
A advogada Daniele Froiman, de 38 anos, é mãe de duas crianças que participam da programação de férias, mas não concorda que o pagamento da assessoria esportiva saia do caixa. “Acabamos lesando quem não tem filhos. O rateio (entre quem vai usufruir das atividades) seria a forma mais justa, mais democrática.”
A orientação da Associação dos Síndicos (Assosíndicos) é convocar assembleia para discutir o rateio de custos, a fim de evitar conflitos. “Assim, quem não é favorável pode ir se manifestar”, afirma o vice-presidente da entidade, Carlos Theodoro. Ele, contudo, defende que a programação de férias é uma benfeitoria necessária para melhorar o convívio no conjunto.
Lidiane Genske Baia, profissional do escritório Rachkorsky Advogados, concorda com a orientação da Assosíndicos e explica que deve haver 50% mais 1 de aprovação da massa condominial presente para uma pauta de gasto extra passar.