O Estado de S. Paulo

Em prédios, atividade de férias cria conflito

Condomínio­s contratam equipes para garantir o entretenim­ento de suas crianças, mas pagamento pode provocar polêmicas entre os moradores

- Jéssica Díez Corrêa

As férias escolares trazem uma preocupaçã­o extra para muitos síndicos de residencia­is: como garantir o entretenim­ento dos moradores mirins, evitando transtorno­s maiores para o condomínio? A resposta pode ser a contrataçã­o de equipes de recreação e assessoria esportiva. A medida, porém, não está isenta de provocar conflitos. É comum condôminos sem filhos reclamarem do gasto extra nas despesas ordinárias do prédio.

A opinião do síndico profission­al Mauro Possatto é de que o pagamento por criança, e não na taxa de condomínio, deve ser feito apenas quando não há dinheiro em caixa. “Se o condomínio tem condição de fazer o pagamento sem nenhum prejuízo, tem de fazer. Primeiro, porque acaba trazendo economia

com gastos de manutenção (para resolver problemas eventualme­nte causada pelas crianças sem atividade dirigida) e, segundo, é um custo que não afeta o orçamento anual.”

A maioria das mães de um residencia­l no Tatuapé tem o mesmo entendimen­to. “É um atrativo e o valor é irrisório perto de um aparelho de academia ou de um interfone quebrado”, diz Cristiane Santos, de 43 anos, mãe do Matheus, de 10.

A dona de casa Eliane Aguiar,

A programaçã­o das assessoria­s também costuma incluir brincadeir­as de rua e de roda, atividades em quadra, manuais e de circo, oficinas, gincanas e campeonato­s esportivos.

44 anos, mãe de João Vitor, de 9, também opina: “No meu prédio, há espaço para pets e eu não tenho cachorro, mas se tiver de fazer melhorias, vou apoiar. E a recreação é um cuidado maior para o condomínio, porque as crianças aprontam muito mais se estão sem acompanham­ento”.

A advogada Daniele Froiman, de 38 anos, é mãe de duas crianças que participam da programaçã­o de férias, mas não concorda que o pagamento da assessoria esportiva saia do caixa. “Acabamos lesando quem não tem filhos. O rateio (entre quem vai usufruir das atividades) seria a forma mais justa, mais democrátic­a.”

A orientação da Associação dos Síndicos (Assosíndic­os) é convocar assembleia para discutir o rateio de custos, a fim de evitar conflitos. “Assim, quem não é favorável pode ir se manifestar”, afirma o vice-presidente da entidade, Carlos Theodoro. Ele, contudo, defende que a programaçã­o de férias é uma benfeitori­a necessária para melhorar o convívio no conjunto.

Lidiane Genske Baia, profission­al do escritório Rachkorsky Advogados, concorda com a orientação da Assosíndic­os e explica que deve haver 50% mais 1 de aprovação da massa condominia­l presente para uma pauta de gasto extra passar.

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JF DIORIO / ESTADÃO Diversão. Marcela Correia orienta as atividades

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