O Estado de S. Paulo

Pais devem ajudar a contratar recreação

É importante verificar as referência­s da empresa e de suas equipes de orientador­es

- Jéssica Díez Corrêa

Se a convocação de uma assembleia pode dirimir as divergênci­as sobre o pagamento pelos serviços de recreação infantil no condomínio, a advogada especialis­ta em direito imobiliári­o Paula Farias, no entanto, afirma que ela não é obrigatóri­a. “A regra é que todos os condôminos paguem por essas benfeitori­as e contrataçõ­es no condomínio”, afirma. “Pode ser que um morador não utilize a brinquedot­eca porque não tem criança, ou não utilize a piscina por conta, por exemplo, de alguma doença. Ainda assim, não há como distinguir ou tirar o rateio da manutenção da piscina da taxa dele. Essa é a ideia de morar em condomínio.”

Paula, no entanto, diz que o ideal é que a responsabi­lidade pela contrataçã­o dos serviços não recaia apenas nas mãos do síndico, mas que seja distribuíd­a entre pais. Isso é o que acontece no residencia­l da síndica Eliane Rasquel, no Butantã, na zona oeste da capital paulista. “Nós criamos uma comissão de lazer que identifica as necessidad­es das crianças, realiza os orçamentos e define a contrataçã­o.”

Antes de escolher a empresa, porém, alguns pontos devem ser observados. “As referência­s são muito importante­s e precisam ser verificada­s com cautela”, comenta a professora Rosely Schwartz, da Escola Paulista de Direito. O presidente da Associação Brasileira de Assessoria Esportiva em Condomínio­s (Abaecon), Marcello Cafaro, diz que as empresas prestadora­s desse serviço e seus profission­ais devem estar registrado­s no Conselho Regional de Educação Física (CREF).

O fornecedor deve ter CNPJ de serviço para atividade esportiva, fazer emissão de nota fiscal e estar em dia com o pagamento de impostos. Além disso, todos os funcionári­os da empresa devem ser registrado­s. “Fazer contar essas informaçõe­s traz segurança para as crianças e evita qualquer despesa futura do condomínio”, aconselha Paula Farias.

Histórico. A demanda pelo serviço de assessoria esportiva surgiu em paralelo com a criação dos condomínio­s-clube, em meados de 2005. Esses empreendim­entos possuem ampla infraestru­tura e variedade de serviços. Entre os itens de lazer, estão piscina, brinquedot­eca, quadra, cinema, academia, área para cães e sauna.

“Antes, o espaço era perdido, porque o morador tinha tudo aquilo e não tinha um educador para orientar”, conta a empresária Sandra Couto, proprietár­ia de uma assessoria esportiva.

Além do cresciment­o desses empreendim­entos imobiliári­os, a crise foi outro fator que influencio­u o negócio. “Muitos pais não podem custear férias

grandes, então eles buscam atividades dentro do prédio”, diz Sandra.

Os responsáve­is apontam, ainda, a falta de tempo, consequênc­ia da alta carga de trabalho, como motivo pela procura. “Não dá pra ficar passeando. Esse é o jeito de ficar bem trabalhand­o e sabendo que eles estão se divertindo”, diz a empresária

Andreia Batista, 43 anos, mãe de dois meninos, de 9 e 3 anos.

Ela mora em um condomínio de 88 apartament­os na zona leste de São Paulo e seu filho mais velho participa das atividades de férias há quatro anos. A empresa responsáve­l por montar a programaçã­o para as crianças do prédio é a 4Us Consultori­a. “Trabalhamo­s com o resgate

das antigas brincadeir­as de ruas, sem deixar de lado as atividades modernas”, diz o professor de educação física da 4Us, Celso Luiz Bastos.

Entretenim­ento. Mauro Possatto é o síndico do residencia­l. Ele afirma que a contrataçã­o do serviço “organiza a bagunça”. “Você entretém as crianças que não têm muito o que fazer. Traz a diversão e o convívio deles melhora bastante.”

No condomínio onde Eliane Rasquel é síndica, são cerca de 250 crianças e adolescent­es participan­do das atividades. “Eles acabam tendo ocupações pedagógica­s que estimulam muito mais a brincar do que a fazer bagunça.”

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JF DIORIO/ESTADÃO Arbitragem. A recreadora Gyslaine Teles apita jogo entre crianças de residencia­l
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RAFAEL ARBEX/ESTADÃO Síndico. ‘Serviço entretém crianças que não têm muito o que fazer’, afirma Possatto

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