Pais devem ajudar a contratar recreação
É importante verificar as referências da empresa e de suas equipes de orientadores
Se a convocação de uma assembleia pode dirimir as divergências sobre o pagamento pelos serviços de recreação infantil no condomínio, a advogada especialista em direito imobiliário Paula Farias, no entanto, afirma que ela não é obrigatória. “A regra é que todos os condôminos paguem por essas benfeitorias e contratações no condomínio”, afirma. “Pode ser que um morador não utilize a brinquedoteca porque não tem criança, ou não utilize a piscina por conta, por exemplo, de alguma doença. Ainda assim, não há como distinguir ou tirar o rateio da manutenção da piscina da taxa dele. Essa é a ideia de morar em condomínio.”
Paula, no entanto, diz que o ideal é que a responsabilidade pela contratação dos serviços não recaia apenas nas mãos do síndico, mas que seja distribuída entre pais. Isso é o que acontece no residencial da síndica Eliane Rasquel, no Butantã, na zona oeste da capital paulista. “Nós criamos uma comissão de lazer que identifica as necessidades das crianças, realiza os orçamentos e define a contratação.”
Antes de escolher a empresa, porém, alguns pontos devem ser observados. “As referências são muito importantes e precisam ser verificadas com cautela”, comenta a professora Rosely Schwartz, da Escola Paulista de Direito. O presidente da Associação Brasileira de Assessoria Esportiva em Condomínios (Abaecon), Marcello Cafaro, diz que as empresas prestadoras desse serviço e seus profissionais devem estar registrados no Conselho Regional de Educação Física (CREF).
O fornecedor deve ter CNPJ de serviço para atividade esportiva, fazer emissão de nota fiscal e estar em dia com o pagamento de impostos. Além disso, todos os funcionários da empresa devem ser registrados. “Fazer contar essas informações traz segurança para as crianças e evita qualquer despesa futura do condomínio”, aconselha Paula Farias.
Histórico. A demanda pelo serviço de assessoria esportiva surgiu em paralelo com a criação dos condomínios-clube, em meados de 2005. Esses empreendimentos possuem ampla infraestrutura e variedade de serviços. Entre os itens de lazer, estão piscina, brinquedoteca, quadra, cinema, academia, área para cães e sauna.
“Antes, o espaço era perdido, porque o morador tinha tudo aquilo e não tinha um educador para orientar”, conta a empresária Sandra Couto, proprietária de uma assessoria esportiva.
Além do crescimento desses empreendimentos imobiliários, a crise foi outro fator que influenciou o negócio. “Muitos pais não podem custear férias
grandes, então eles buscam atividades dentro do prédio”, diz Sandra.
Os responsáveis apontam, ainda, a falta de tempo, consequência da alta carga de trabalho, como motivo pela procura. “Não dá pra ficar passeando. Esse é o jeito de ficar bem trabalhando e sabendo que eles estão se divertindo”, diz a empresária
Andreia Batista, 43 anos, mãe de dois meninos, de 9 e 3 anos.
Ela mora em um condomínio de 88 apartamentos na zona leste de São Paulo e seu filho mais velho participa das atividades de férias há quatro anos. A empresa responsável por montar a programação para as crianças do prédio é a 4Us Consultoria. “Trabalhamos com o resgate
das antigas brincadeiras de ruas, sem deixar de lado as atividades modernas”, diz o professor de educação física da 4Us, Celso Luiz Bastos.
Entretenimento. Mauro Possatto é o síndico do residencial. Ele afirma que a contratação do serviço “organiza a bagunça”. “Você entretém as crianças que não têm muito o que fazer. Traz a diversão e o convívio deles melhora bastante.”
No condomínio onde Eliane Rasquel é síndica, são cerca de 250 crianças e adolescentes participando das atividades. “Eles acabam tendo ocupações pedagógicas que estimulam muito mais a brincar do que a fazer bagunça.”