‘NA DIFICULDADE, MUDAMOS NOSSO PÚBLICO-ALVO’
Distribuidora de alimentos muda estratégia para enfrentar a recessão e a perda de clientes
Sobrevivente. Esta é a melhor palavra para definir a trajetória da distribuidora de cestas básicas Baratão do Retiro, que atua com o nome fantasia Cesta do Prato, e está no mercado desde 2000.
“Além da crise que afeta o País, também enfrentamos a crise que devastou o Estado do Rio de Janeiro. Muitas empresas fecharam. Perdemos cerca de 50% dos clientes e os que ficaram reduziram drasticamente o número de funcionários”, conta o proprietário, Carlos Andre Batista.
Ele diz que a primeira reação ao perceber que estava perdendo a clientela foi o desespero. “Mas comecei a pesquisar o mercado e identifiquei que sindicatos, ONGs e pessoas físicas estavam fazendo doações de cestas básicas para os funcionários públicos que estavam sem receber salário. Fizemos campanha de marketing com foco nesse público e conseguimos reestruturar a empresa que estava quase fechando.”
O empresário, então, proibiu o uso da palavra ‘crise’ dentro da empresa. “Trabalhamos para aproveitar um aspecto da crise e mudamos o nosso públicoalvo. Essa solução foi positiva para superarmos aquele momento”, afirma.
Porém, quando a crise estadual amenizou, ele passou a perder os clientes que faziam as doações. “Tivemos a crise da crise e mais uma vez precisamos mudar o foco e trabalhar para resgatar os clientes antigos.”
Batista diz que nesses 18 anos de atividade o negócio já passou por várias mudanças, que foram sendo implantadas para solucionar os problemas que iam surgindo. Dessa forma, o negócio amadureceu.
Entre as mudanças que já foram implantadas estão a gestão de logística, gestão financeira e do departamento de vendas. “Esse aprimoramento foi possível porque fiz diversos cursos, recebi mentoria e consultoria.”
O empresário recorda que começou o negócio sem nenhum planejamento. “Tínhamos dificuldade de captar recursos e como não havia opção, pegava financiamento pagando altas taxas de juros. Com frequência, usava o saldo do cheque especial e achava isso normal.”
Segundo ele, profissionalizar a gestão financeira foi fundamental para a sobrevivência da empresa. “A logística também era uma loucura. Fiz um levantamento e descobri que em alguns casos pagávamos para trabalhar, porque no anseio de atender os pedidos fazíamos entregas sem planejar as rotas.”
Hoje, a empresa mantém um quadro fixado na parede contendo o planejamento de entrega de duas semanas. “Com essa solução simples, consegui gerir melhor a logística e aproveitar a mão de obra dos entregadores, que agora também ajudam na montagem das cestas.”
Batista, que já perdeu dinheiro por falta de planejamento, diz que além da gestão é importante ficar alerta para adaptar o negócio conforme o momento.