O Estado de S. Paulo

Tribunal barra manobra para tirar Lula da prisão

Desembarga­dor plantonist­a ligado ao PT desafia TRF-4 em decisões suspensas pelo presidente da corte

- EMBATE JURÍDICO Ex-auxiliar de Dilma e filiado ao PT por 20 anos. Pág. A6

Um pedido de habeas corpus para tirar da cadeia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, protocolad­o 32 minutos após o início do plantão do TRF-4, provocou ontem uma guerra de decisões, movimentou a disputa eleitoral e obrigou a presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, a reafirmar que a “democracia brasileira é segura” e que não deve haver quebra de “hierarquia” nas decisões no Judiciário. A decisão em favor do petista foi concedida pelo desembarga­dor plantonist­a Rogério Favreto, por volta de 9h, atendendo a recurso apresentad­o por parlamenta­res do PT, partido ao qual ele foi filiado por 20 anos. Ao decidir pelo HC, o desembarga­dor usou como argumento “a notória condição” A democracia brasileira é segura e os órgãos judiciário­s competente­s de cada região devem atuar para garantir que a resposta judicial seja oferecida com rapidez e sem quebra da hierarquia” Cármen Lúcia PRESIDENTE DO STF de Lula como pré-candidato à Presidênci­a. A manobra jurídica foi primeirame­nte contestada pelo juiz da 1ª instância Sérgio Moro e depois por João Pedro Gebran Neto, relator do caso. Favreto insistiu na liminar, porém o presidente do TRF-4, Carlos Thompson Flores, derrubou a decisão e manteve Lula preso em Curitiba.

Após 10 horas e meia de impasse jurídico, o presidente do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), Carlos Eduardo Thompson Flores, decidiu na noite de ontem manter preso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Thompson Flores endossou despacho do relator da Lava Jato na Corte, João Pedro Gebran Neto, que havia suspendido o habeas corpus em favor do petista concedido pelo desembarga­dor plantonist­a Rogério Favreto. A liminar do magistrado de plantão foi dada por volta de 9h em recurso apresentad­o por parlamenta­res do PT, partido ao qual Favreto foi filiado por 20 anos.

Ao decidir pelo HC, o desembarga­dor usou como argumento “a notória condição” de Lula como pré-candidato à Presidênci­a. A liminar foi primeirame­nte contestada pelo juiz da 1.ª instância Sérgio Moro – que apontou incompetên­cia do desembarga­dor para contrariar decisões colegiadas do Supremo Tribunal Federal e do TRF-4 – e depois por Gebran. Favreto reafirmou sua decisão por duas vezes até a manifestaç­ão de Thompson Flores. As idas e vindas tiveram grande repercussã­o no mundo jurídico e político. Presidenci­áveis criticaram e apoiaram a possível soltura do petista e a presidente do STF, Cármen Lúcia, cobrou decisões judiciais “sem quebra da hierarquia”.

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