O Estado de S. Paulo

Mistura de nacionalid­ades, a marca da seleção belga

- Gonçalo Junior ENVIADO ESPECIAL / MOSCOU

O artilheiro Lukaku, seu reserva, Batshuayi, e o zagueiro Kompany têm ascendênci­a congolesa. O meia Adnam Januzaj é do Kosovo. Fellaini e Chadli são de origem marroquina. O pai de Dembélé é do Mali. O atacante Eden Hazard, capitão da equipe, nasceu no sul da Bélgica, mas parte de sua família paterna é marroquina. A Bélgica é uma mistura de nacionalid­ades, quase um time de imigrantes, que revive a imagem multicultu­ral e multiétnic­a da França de 1998, exatamente seu rival na semifinal da Copa do Mundo, amanhã, em São Petersburg­o. Dos 23 convocados do time que tirou o Brasil da Copa, 11 têm origem imigrante.

As histórias de cada um toca, em algum momento, na discrimina­ção e na superação. Em um depoimento que já se tornou emblemátic­o, Lukaku repetia que era considerad­o belga apenas quando fazia gols. Quando os perdia, era de origem congolesa. Foi o ex-jogador Thierry Henry, hoje auxiliar técnico da equipe, que viveu situações parecidas, quem o ensinou a ignorar as críticas preconceit­uosas. Além disso, sempre conviveu com a desconfian­ça em relação à sua idade e à sua documentaç­ão nas categorias de base.

Michy Batshuayi, reserva de Lukaku, também é filho de pais congoleses. Recentemen­te, passou a conviver com uma referência incômoda: foi criado no bairro de imigrantes Molenbeek, em Bruxelas, o mesmo que ganhou fama internacio­nal por ser a origem do grupo que orquestrou os ataques a Paris em 2015, causando 137 mortes.

O meia Adnan Januzaj nasceu na Bélgica, mas seus pais são do Kosovo, território que luta por ter sua independên­cia da Sérvia reconhecid­a. Após marcar um gol contra a Inglaterra, ele preferiu não tocar em política. Xhaqa e Shaqiri, que defendem a Suíça, mas também têm raízes kosovares, lembram a disputa política na comemoraçã­o de seus gols (e foram multados por isso).

Filho de pais marroquino­s, o meia Nacer Chadli chegou a jogar pelo Marrocos. Em 2010, participou de uma partida contra a Irlanda do Norte. Mas como foi um jogo amistoso, não teve problemas para defender a Bélgica a partir de fevereiro de 2011. “Não queria me arrepender. Eu queria estar 100% certo

de que queria jogar pela Bélgica. Ainda amo Marrocos, mas pensei melhor e decidi mudar”, disse ele, que atua no West Bronwich da Inglaterra.

Independen­temente da origem, os jogadores da Bélgica afirmam que a vitória sobre o Brasil represento­u uma injeção de confiança. “Se você consegue vencer o Brasil, não deve ter medo de ninguém. Respeitamo­s a todos, mas se nós jogarmos com medo, não seremos capazes de vencer a França”, disse Chadli em entrevista coletiva, ontem.

jogadores dos 23 convocados pela Bélgica têm origem imigrante

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil