O Estado de S. Paulo

Fifa vai avaliar medidas contra encenação de atletas

- Jamil Chade ENVIADO ESPECIAL / MOSCOU

Acusado de encenar e exagerar nas faltas sofridas, Neymar foi alvo de polêmica, críticas e piadas no mundo inteiro em razão de sua atuação na Copa da Rússia. A Fifa percebeu esse movimento e, agora, a entidade quer avaliar medidas que possam ser adotadas para punir e lutar contra a encenação no futebol.

O assunto faz parte da agenda do presidente da Fifa, Gianni Infantino, que tem falado a pessoas próximas a ele que estaria preocupado sobre a “perda de tempo” em campo por causa da atitude de alguns jogadores.

O problema não se refere apenas a Neymar, alvo de críticas de ex-jogadores internacio­nais, torcidas, dirigentes e adversário­s – o técnico da seleção mexicana, Juan Carlos Osorio, declarou que era “uma vergonha para o futebol perder tanto tempo com um jogador”. Infantino também estaria preocupado com esse tempo perdido nas partidas que as encenações estariam gerando – num sentido mais amplo, e não apenas com jogadores que sofrem faltas.

A avaliação interna do presidente da Fifa é que, sempre que um time está ganhando, seus jogadores parecem abusar de certos lances para ganhar tempo e encenar contusões.

Na semana passada, o Estado revelou como membros do Conselho da Fifa estavam irritados com o comportame­nto de Neymar em campo, alertando que suas encenações estariam prejudican­do a seleção brasileira e a Copa. A televisão estatal suíça chegou a calcular o tempo que Neymar ficou no chão durante a Copa do Mundo, atingindo a marca de 14 minutos.

Na ocasião, membros do Comitê de Arbitragem da Fifa admitiram ao Estado e a outros veículos de imprensa brasileiro­s, na condição de anonimato, que havia uma instrução a não apitar ou consultar o árbitro de vídeo, o VAR, em cada falta recebida por Neymar. A justificat­iva: o futebol é um esporte de contato e deve ser mantido dessa forma.

Infantino ainda teria citado a demora de jogadores quando são substituíd­os, insistindo que o assunto também teria de ser debatido adiante.

Europeus. O presidente da Fifa ainda se atentou ao fato de que mais uma Copa do Mundo, a quarta seguida, ficará com um país europeu, além de três Mundiais Sub-20 e Copa Sub-17.

Sua avaliação é de que um ponto central do sucesso europeu foi o sistema de licenciame­nto de clubes, implementa­do há quase 20 anos pela Uefa e com Infantino na condição de secretário-geral da entidade.

A regra criada por ele era de que todos os clubes europeus tivessem três times de base. Mais de 50% não tinham e o resultado foi a revelação em série de jovens jogadores que, hoje, estão dando resultados.

Além disso, segundo a Uefa, 26 das 54 ligas nacionais europeias estão dando lucro. O nível de dívidas dos clubes caiu de 65% em 2011 para 35% em 2017.

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TORU HANAI/REUTERS-6/7/2018 Contorcion­ista. Neymar estendido no chão, contra a Bélgica: Fifa quer punir encenações

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