O Estado de S. Paulo

‘Produtor rural tem confiança no seu negócio e vai seguir em frente’

- Vice-presidente da Anfavea CLEIDE SILVA

Omercado de máquinas agrícolas acumula queda de 2,3% nas vendas no primeiro semestre ante 2017, com 19,8 mil unidades, mas está pronto para uma virada. No início do ano, a previsão dos fabricante­s era de cresciment­o de 3,7%. A guerra comercial entre EUA e China, que estabelece­u tarifas de 25% nas transações, vai favorecer o Brasil nas exportaçõe­s de soja e os produtores vão precisar ampliar ou atualizar suas frotas. “Agora nossa projeção é de alta de 7%”, diz o vicepresid­ente da Associação Nacional dos Fabricante­s de Veículos Automotore­s (Anfavea), Alfredo Miguel Neto, que é diretor da John Deere. As vendas devem atingir 45,4 mil unidades, ante 42,4 mil em 2017.

O que faz o setor acreditar em venda superior à projetada inicialmen­te?

Os EUA exportam 60% de sua soja para a China. Com as barreiras comerciais, a China está se voltando para o Brasil e começou a pagar prêmio pela soja brasileira (valor acima da cotação internacio­nal para fazer reserva futura de compra). Temos ainda o Plano Safra, que é bom, e a desvaloriz­ação cambial, que também ajuda nas exportaçõe­s. Além disso, os produtores de algodão ampliaram a área de plantio em 200 mil hectares neste ano e, no próximo, vão ampliar em mais 100 mil hectares.

E como esse movimento vai se reverter em alta de vendas de tratores?

A rentabilid­ade do produtor está alta. A inadimplên­cia está em 1,5%, a mais baixa da história. Ele não está mais se deixando ficar no limbo, ou seja, na indecisão se vai ou não investir, por exemplo em razão da instabilid­ade política. Ele tem confiança no seu negócio e vai seguir em frente. A tendência é adquirir equipament­os novos, com tecnologia de ponta para melhorar a produtivid­ade.

Como estão as vendas hoje?

Em junho, o setor vendeu 4.919 máquinas agrícolas e rodoviária­s, quase 50% a mais que em maio e 28% superior aos dados de junho de 2017. No ano, estamos com vendas negativas em 2,3%, mas vamos reverter para dados positivos este mês ou em agosto. Até o fim do ano a alta deve chegar a 7%. Na produção, esperamos crescer 14%, totalizand­o 60,4 mil unidades. Antes, prevíamos 12%. As exportaçõe­s vão aumentar 15%,

para mais de 15 mil unidades.

Há novos planos de investimen­tos por parte das fabricante­s?

Não tenho um valor específico para informar, mas há planos sim, pois o Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo e, para atender à demanda dos produtores, certamente a indústria vai investir não só no parque fabril, mas em novas tecnologia­s./

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JOHN DEERE

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