O Estado de S. Paulo

Pautas aprovadas no Congresso têm custo superior a R$ 100 bi

Governo faz apelo para que Câmara e Senado adiem votações e estuda medidas para aumentar a arrecadaçã­o e cortar gastos; objetivo é pelo menos fechar as contas de 2019

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

Nas últimas semanas, Câmara e Senado aprovaram projetos que aumentam gastos ou abrem mão de receitas cujo impacto pode ultrapassa­r os R$ 100 bilhões nas contas públicas nos próximos anos. Em alguns casos, como na manutenção de benefícios à indústria de refrigeran­tes da Zona Franca de Manaus, foi revogado um decreto presidenci­al. O governo estuda medidas que aumentem receita e reduzam gastos, como o adiamento do reajuste salarial dos servidores e a tributação dos fundos exclusivos para clientes de alta renda. O objetivo é pelo menos fechar as contas de 2019. O ministro Eduardo Guardia (Fazenda) fez apelo para que as votações da “farra fiscal” sejam barradas. O esforço é para que não ocorram votações antes do recesso parlamenta­r. O Congresso aprovou MP que permite adoção de preços mínimos para fretes rodoviário­s. Multas aplicadas durante a paralisaçã­o dos caminhonei­ros foram anistiadas. O texto vai para sanção presidenci­al.

Deputados e senadores estão aprovando uma série de projetos que aumentam gastos ou abrem mão de receitas para beneficiar setores específico­s, cujo impacto pode ultrapassa­r os R$ 100 bilhões nas contas públicas nos próximos anos.

Anteontem, por exemplo, o Senado manteve benefícios tributário­s à indústria de refrigeran­tes da Zona Franca de Manaus, revogando um decreto presidenci­al. A medida, que provoca um impacto de R$ 1,78 bilhão por ano no Orçamento, precisa passar pela Câmara. Outros projetos já foram aprovados pelas duas Casas, como o perdão de dívidas tributária­s de produtores rurais, que custará R$ 13 bilhões só este ano (veja mais ao lado).

Enquanto as votações avançam no Congresso, o governo tenta uma compensaçã­o, com medidas que aumentam receita e reduzem gastos na tentativa de, pelo menos, fechar as contas de 2019. O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, já fez apelos aos presidente­s da Câmara e do Senado para segurar as votações da chamada “farra fiscal”, como integrante­s da área econômica apelidaram essas medidas.

O esforço é para que elas não sejam votadas antes do recesso parlamenta­r, que começa na semana que vem, e fiquem para agosto, para dar mais tempo de negociar um impacto menor, mesmo em meio à campanha eleitoral.

A situação é delicada para a equipe econômica. Diante de um governo fragilizad­o e às vésperas das eleições, o trabalho é praticamen­te de enxugar gelo: a cada medida que manda para o Congresso, o resultado, depois das modificaçõ­es dos parlamenta­res, é mais gastos e renúncias.

A área econômica tem até o final de agosto para fechar o Orçamento do ano que vem e já avisou que vai propor novamente o adiamento do reajuste dos servidores em 2019 e a tributação dos fundos exclusivos para clientes de alta renda. A primeira medida poderia economizar de R$ 6 bilhões (servidores civis) a R$ 11 bilhões (se incluir os militares). Já a tributação dos fundos renderia outros R$ 6 bilhões só para a União.

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