O Estado de S. Paulo

Croácia busca título inédito contra a França

Em sua quinta Copa, seleção bate Inglaterra e se credencia para final com a França, domingo

- Gonçalo Junior ENVIADO ESPECIAL / MOSCOU

Depois de baterem a favorita Inglaterra por 2 a 1, de virada, já na prorrogaçã­o – a terceira seguida –, croatas jogam a final da Copa contra os franceses no domingo.

Foi uma vitória do jogo coletivo. Não importa quem toca a bola para o gol. Nós soubemos buscar a virada

Mandzukic,

ATACANTE DA CROÁCIA

Vinte anos depois do terceiro lugar na Copa da França, a Croácia completa o caminho até uma final pela primeira vez em sua história. De virada, a equipe venceu a Inglaterra por 2 a 1, ontem, em Moscou, e vai fazer a decisão com a França, domingo, novamente na capital russa.

Em sua quinta Copa, a pequena seleção se agiganta na Rússia. A geração de 2018 foi mais longe que o timaço de 1998.

Quando era Iugoslávia, a equipe chegou em quarto lugar em duas edições da disputa (1930 e 1962). Domingo, a França busca o bicampeona­to; a Croácia sonha levantar a taça inédita.

Na Rússia, foi a terceira prorrogaçã­o seguida do time de Modric. Depois de superar Dinamarca e Rússia em batalhas que chegaram até os pênaltis, o time croata conseguiu resolver o jogo no segundo tempo da prorrogaçã­o. Isso significa que a Croácia vai chegar à final como se tivesse jogado uma partida a mais do que a França por causa dos minutos corridos em todas as prorrogaçõ­es até a final.

Os croatas, portanto, chegam desgastado­s fisicament­e para seu último ato. A seleção dos Bálcãs se torna a primeira desde 1934 a sobreviver a três prorrogaçõ­es em uma única edição da Copa do Mundo. Seus jogadores nunca desistiram.

Autor do gol de empate da Croácia no tempo normal e responsáve­l por mandar a bola de volta para a área que resultou no gol de Mandzukic no segundo tempo da prorrogaçã­o, o atacante Ivan Perisic foi eleito o melhor jogador em campo. Ele disse que todos na Croácia conhecem os rivais do domingo, mas esperavam que a Bélgica chegasse à final. “Vimos os jogos e sabemos que eles tiveram um grande progresso. Ganharam da Bélgica, que estava muito bem, todos esperavam que eles avançassem após a vitória sobre o Brasil. A França tem grandes atletas e um grande técnico também”, afirmou o jogador que atua na Inter de Milão.

A Inglaterra, que tinha o sonho de conquistar o bicampeona­to e havia empolgado seus torcedores, vai para a disputa do terceiro lugar com a Bélgica, sábado, em São Petersburg­o. Durante a campanha, os torcedores ingleses cantaram a música “Football is coming home” (O futebol está voltando para casa), uma reedição da canção de 1996, quando foram sede da Eurocopa. Era uma metáfora sobre a volta do título mundial para o país que criou o esporte. O atacante Harry Kane, artilheiro do Mundial com seis gols, passou em branco pelo segundo jogo seguido. “Estamos arrasados porque não chegamos onde queríamos. Ficamos decepciona­dos. A gente tem de sacudir a poeira e dar a volta por cima.”

O técnico Gareth Southgate afirmou que a disputa do terceiro lugar contra a Bélgica é “um jogo que ninguém quer jogar”, mas que sua equipe buscaria uma atuação que dê orgulho ao time e à torcida. “Essa é uma partida que nenhum time gostaria de participar. Mas temos três dias para nos prepararmo­s e vamos dar orgulho à nossa torcida. Vamos lutar pela vitória em São Petersburg­o”, afirmou.

Craques. A façanha inédita do time croata se deve, em grande parte, a um punhado de craques. Ontem, o herói foi Mario Mandzukic, autor do segundo gol no segundo tempo da prorrogaçã­o. Depois de uma jornada apagada em que havia perdido chance na cara do goleiro Pickford, ele aproveitou uma das falhas de posicionam­ento da zaga e definiu a classifica­ção. Um gol para entrar na história.

“Foi uma vitória do jogo coletivo. Não importa quem toca a bola para o gol. Nós soubemos buscar a virada, não desistimos nunca de buscar a final e fomos recompensa­dos após o prorrogaçã­o”, comentou o atacante.

Modric foi o maestro do meio de campo e continua cotado para ser o bola de ouro da competição, contra o francês Mbappé. Ontem, ele novamente foi o regente da companhia, além de estar em todos os setores do campo. Ele é importante não só quando está com a bola. Orienta, aponta e dá quase sempre o melhor caminho. Rakitic, do Barcelona e igualmente importante na criação, teve ontem uma jornada apenas discreta.

Semifinal de 1998. Curiosamen­te, a França foi responsáve­l por vencer a Croácia na semifinal de 98 com vitória por 2 a 1. É a chance do troco. “Eu me lembro que 20 anos atrás estava na minha cidade, com amigos da escola, vestido com a camisa da Croácia. Sonhava em defender a seleção”, contou Perisic. No início do jogo, o atacante estava distante de realizar seu sonho. A Inglaterra abriu o placar logo aos 4 minutos com um belo gol de falta do lateral Trippier. Ele lembrou as cobranças de David Beckham. O rival continuou melhor e teve chance de fazer o segundo, mas desperdiço­u algumas chances. A Croácia só tomou conta do jogo no segundo tempo quando empatou com Perisic e acertou a bola na trave em seguida. O time continuou melhor e alcançou a classifica­ção histórica na prorrogaçã­o.

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CARL RECINE/REUTERS Decisivo. Autor do segundo gol, Mandzukic (número 17)comemora
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CARL RECINE/REUTERS Explosão. Mandzukic é abraçado após marcar o gol da classifica­ção
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