O Estado de S. Paulo

COM GENERAL, BOLSONARO VAI AO ARAGUAIA

Presidenci­ável do PSL visita hoje região no Pará marcada por repressão militar nos anos 1970

- Leonencio Nossa ENVIADO ESPECIAL / MARABÁ

Opré-candidato do PSL ao Palácio do Planalto, deputado Jair Bolsonaro, fará hoje um périplo por Marabá, no sudeste paraense, cidade marcada pela repressão militar à Guerrilha do Araguaia, nos anos 1970, que deixou dezenas de mortos de ambos os lados, além de desapareci­dos.

Décadas depois da atuação das tropas, a região continua marcada por conflitos – ocupa a 11.ª posição no ranking do Atlas da Violência, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública – e ainda tem forte presença das Forças Armadas.

Na agenda do pré-candidato, o principal ponto será uma visita à sede da 23.ª Brigada de Infantaria do Exército, com a participaç­ão de “todos” os comandante­s dos quartéis de Marabá.

Ao lado de Bolsonaro estará um dos ex-comandante­s militares da Amazônia, o general da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira. Cotado para vice na chapa do presidenci­ável, o general disse que o passado da guerrilha está superado e não tem conexão com o presente. “É uma viagem sentimenta­l”, afirmou.

O general Heleno lembrou que foi da brigada de Marabá que saiu um contingent­e importante para atuar na missão das Nações Unidas no Haiti, comandada por ele em 2004 e 2005.

Ele reconheceu que a área não é rota de narcotráfi­co nem região de fronteira para manter uma grande presença do Exército, mas é emblemátic­a por sua complexida­de. “É uma região enorme no coração da Amazônia Oriental, de grandes problemas internos, de desmatamen­to, de conflitos sociais e atuação de movimentos de reforma agrária. Politicame­nte, é importante manter uma tropa.”

Se na época do combate à guerrilha, a selva do Pará chegou a abrigar 2 mil homens do Exército, as seis unidades militares na região mantêm atualmente o dobro de soldados.

Violência. A forte presença do Exército, porém, não inibe a criminalid­ade. Dados das delegacias de polícia de Marabá, município com população de 271 mil habitantes, apontam uma média de um assassinat­o por dia nas periferias sem rede de água e esgoto.

De Marabá, Bolsonaro segue para a vizinha Parauapeba­s, outro município com índice de homicídios superior à média nacional.

Embora tenha uma forte atuação de movimentos sociais, a política do sudeste paraense é comandada por partidos de centro. Das três maiores prefeitura­s, o MDB do senador Jader Barbalho administra Parauapeba­s, com o Darci Lermen, e Canaã dos Carajás, com Jeová Gonçalves de Andrade. Tião Miranda, do PTB, está à frente da prefeitura de Marabá.

“É uma região de desmatamen­to e conflitos sociais. Politicame­nte, é importante manter uma tropa.”

Augusto Heleno Ribeiro GENERAL DA RESERVA

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO - 8/5/2018 Viagem. General Heleno acompanha Bolsonaro no Pará
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NA WEB Blog. Janaina Paschoal e Bolsonaro estadao.com.br/e/blogmorris

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