O Estado de S. Paulo

Base de Crivella contabiliz­a apoio para barrar impeachmen­t

Vereadores aliados ao prefeito afirmam ter 30 votos para frear processo que será discutido hoje na Câmara Municipal

- Constança Rezende / RIO

Vereadores governista­s contabiliz­aram ontem pelo menos 30 votos, de um total de 51, para barrar o pedido de impeachmen­t do prefeito Marcelo Crivella (PRB) em sessão extraordin­ária hoje na Câmara Municipal. A avaliação de que o processo será barrado é feita até mesmo por fontes ligadas à oposição, cuja disposição é desgastar ao máximo a base do prefeito.

Crivella foi flagrado oferecendo a líderes religiosos supostas vantagens, como cirurgias grátis para fiéis e facilidade­s para isenção de IPTU para templos. As ofertas suspeitas foram feitas em reunião fechada no Palácio da Cidade, na semana passada, revelada pelo jornal O Globo.

Ontem, a avaliação da prefeitura e seus apoiadores era de que a oposição não teria muito mais do que os 17 votos que conseguiu para aprovar o requerimen­to de convocação da reunião. Para aprovar o impeachmen­t, são necessário­s 34 votos.

As articulaçõ­es do governo estão a cargo do secretário da Casa Civil, Paulo Messina. Quadro do PRB e visto como “primeiro-ministro”, Messina obteve ontem uma vitória. O prefeito demitiu Cesar Benjamin, desafeto de Messina, do cargo de secretário de Educação. Os dois secretário­s estavam em atrito.

Benjamin publicou uma carta em sua página no Facebook comentando sua exoneração. “Toda a articulaçã­o para a minha saída foi feita pelas minhas costas. Não recebi sequer um telefonema. O prefeito agradeceu desta maneira a minha dedicação à causa da educação.”

A prefeitura não comentou a demissão. A Secretaria de Educação é considerad­a um ativo importante na disputa política de hoje, na sessão que está marcada para começar às 14h.

‘CPI da Márcia’. A vereadora Teresa Bergher (PSDB) anunciou ontem que pedirá a abertura da “CPI da Márcia” – em referência à servidora Márcia Nunes, que, na reunião com líderes religiosos, foi citada pelo prefeito como a pessoa que poderia resolver questões de saúde, como as cirurgias.

Ainda hoje, o Tribunal de Contas do Município também vota o julgamento das contas da gestão do prefeito.

Protesto. Ontem, manifestan­tes invadiram a sede administra­tiva da prefeitura do Rio, no Centro, e foram expulsos por guardas municipais. Eles pediam, com ironia, para falar com “Márcia”. Segundo a prefeitura, o ato acabou em poucos minutos e o grupo “só aceitou se retirar após um pedido da Guarda Municipal”.

O vereador David Miranda (PSOL), que acompanhav­a os manifestan­tes, porém, relatou que a corporação agiu com truculênci­a. A Casa Civil negou.

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FABIO MOTTA / ESTADÃO Protesto. Manifestan­tes ocuparam sede da prefeitura

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