O Estado de S. Paulo

Humor americano

- Gilles Lapouge / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

Sempre que Trump viaja, todos os envolvidos dedicam-se ao mesmo cerimonial “Ele está de bom humor hoje?” O líder dos EUA é tratado como um fenômeno climático. Especialis­tas são consultado­s. O que podemos esperar nas próximas 24 horas? Tornado, calmaria, inundações? Esta manhã, o boletim meteorológ­ico anunciou tempo estável: Trump renovou seus ataques à Otan e aos europeus. Ele disse que Angela Merkel é rica e a União Europeia abusa da bondade dos americanos.

Especialis­tas acreditam em tempestade. Mas uma tempestade inusitada, pois é sobre petróleo. Foi o próprio Trump que a iniciou, mas sem querer. Pelo contrário, ele tentou reduzi-la, mas, por inocência, preguiça ou erro de cálculo, obteve o efeito oposto: os preços do petróleo estão aumentando.

O petróleo sobe em razão das sanções contra o Irã, o que preocupa os assessores de Trump por uma razão: os maiores consumidor­es de gasolina dos EUA são os caminhonei­ros, que normalment­e votam nos republican­os. Trump tranquiliz­ou os preocupado­s: ele pediria que outros países aumentasse­m a produção. A Arábia Saudita aceitou, mas não equilibrou o mercado, porque os outros países são incapazes de produzir mais.

A Líbia é tão caótica que sua produção caiu. A Venezuela? Mesma coisa. Trump apelou à Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (Opep), que advertiu: “Não podemos ser culpados por todos os problemas”. E Putin? Ele fez um pequeno esforço, mas é incapaz de compensar sozinho a falta de petróleo do Irã. Na terça-feira, o preço do barril estava em US$ 80. Por três anos e meio, não víamos isso.

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