O Estado de S. Paulo

A DIFÍCIL REUNIÃO DE MÃES E FILHOS

Imigrantes relatam que menores de 5 anos separados não os reconhecer­am em reencontro

- / NYT

Uma mãe esperou quatro meses para abraçar seu filho. Outra esperou três meses para ver sua filha novamente. Quando as reuniões finalmente ocorreram, na terça-feira, em Phoenix, elas dizem ter sido recebidas com gritos de rejeição de seus filhos.

“Ele não me reconheceu”, disse Mirce Alba López sobre Ederson, de 3 anos. “Minha alegria se transformo­u temporaria­mente em tristeza.”

Para Milka Pablo não foi diferente. Sua filha de 3 anos, Darly, gritou e tentou se livrar do abraço da mãe. “Quero a senhorita. Quero a senhorita”, gritou Darly, chamando a assistente social do abrigo onde ficou desde que foi separada da mãe. As reuniões foram determinad­as por um tribunal na Califórnia.

Funcionári­os do governo Trump dizem ter parado de processar criminalme­nte os migrantes adultos que entram nos EUA ilegalment­e. “Pais com filhos menores de 5 anos estão sendo reunidos, libertados e colocados em um programa de detenção alternativ­o”, disse Matthew Albence, vice-diretor do Departamen­to de Imigração e Alfândega (ICE). Segundo ele, isso significa que os migrantes receberão tornozelei­ras e serão “liberados na comunidade”.

Autoridade­s do governo disseram que estavam se esforçando para cumprir o prazo, que terminou na terça-feira, para reunir as 102 crianças com menos de 5 anos de idade com seus pais. Apenas cerca de um terço das reuniões havia ocorrido até ontem. E as que ocorreram foram caóticas.

Em Phoenix, confusão e desgosto marcaram os encontros. Enquanto Mirce e Milka aguardavam, com seus respectivo­s filhos, para embarcar em um ônibus, as crianças – que não eram parentes – se chamavam de irmão e irmã. Ainda não haviam chamado suas mães de “mami” (em espanhol), mas estavam mais calmas, recebendo carinho e alimento.

Darly, que havia sido ensinada a ir sozinha ao banheiro antes da separação, havia regredido para as fraldas. Ederson pulava no colo da mãe, entusiasma­do. As duas mães estavam usando tornozelei­ras. “No começo, me arrependi”, disse a imigrante separada do filho nos EUA

“Quero ir com minha irmãzinha”, disse ele, apontando para uma menina de 13 meses, chamada Carmen, que estava nos braços do pai dela, o hondurenho Deniz Espinoza, libertado depois de 20 dias desde a separação. “Veja. Ele acha que esses são seus irmãos”, disse Mirce, apontando para as outras crianças.

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VICTOR J. BLUE/THE NEW YORK TIMES Susto. Darly, de 3 anos, gritou quando a mãe tentou abraçá-la

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