A DIFÍCIL REUNIÃO DE MÃES E FILHOS
Imigrantes relatam que menores de 5 anos separados não os reconheceram em reencontro
Uma mãe esperou quatro meses para abraçar seu filho. Outra esperou três meses para ver sua filha novamente. Quando as reuniões finalmente ocorreram, na terça-feira, em Phoenix, elas dizem ter sido recebidas com gritos de rejeição de seus filhos.
“Ele não me reconheceu”, disse Mirce Alba López sobre Ederson, de 3 anos. “Minha alegria se transformou temporariamente em tristeza.”
Para Milka Pablo não foi diferente. Sua filha de 3 anos, Darly, gritou e tentou se livrar do abraço da mãe. “Quero a senhorita. Quero a senhorita”, gritou Darly, chamando a assistente social do abrigo onde ficou desde que foi separada da mãe. As reuniões foram determinadas por um tribunal na Califórnia.
Funcionários do governo Trump dizem ter parado de processar criminalmente os migrantes adultos que entram nos EUA ilegalmente. “Pais com filhos menores de 5 anos estão sendo reunidos, libertados e colocados em um programa de detenção alternativo”, disse Matthew Albence, vice-diretor do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE). Segundo ele, isso significa que os migrantes receberão tornozeleiras e serão “liberados na comunidade”.
Autoridades do governo disseram que estavam se esforçando para cumprir o prazo, que terminou na terça-feira, para reunir as 102 crianças com menos de 5 anos de idade com seus pais. Apenas cerca de um terço das reuniões havia ocorrido até ontem. E as que ocorreram foram caóticas.
Em Phoenix, confusão e desgosto marcaram os encontros. Enquanto Mirce e Milka aguardavam, com seus respectivos filhos, para embarcar em um ônibus, as crianças – que não eram parentes – se chamavam de irmão e irmã. Ainda não haviam chamado suas mães de “mami” (em espanhol), mas estavam mais calmas, recebendo carinho e alimento.
Darly, que havia sido ensinada a ir sozinha ao banheiro antes da separação, havia regredido para as fraldas. Ederson pulava no colo da mãe, entusiasmado. As duas mães estavam usando tornozeleiras. “No começo, me arrependi”, disse a imigrante separada do filho nos EUA
“Quero ir com minha irmãzinha”, disse ele, apontando para uma menina de 13 meses, chamada Carmen, que estava nos braços do pai dela, o hondurenho Deniz Espinoza, libertado depois de 20 dias desde a separação. “Veja. Ele acha que esses são seus irmãos”, disse Mirce, apontando para as outras crianças.