O Estado de S. Paulo

Biblioteca de parque paulistano disputa prêmio.

Espaço no Parque Villa-Lobos inova até ao permitir barulho em todos os ambientes

- Priscila Mengue

Torneio de videogame, sala de coworking, aula de ioga, exibição de jogos da Copa do Mundo, sessão de cinema, curso de informátic­a, cafeteria e exposição de artes. A descrição lembra um centro cultural, mas se refere à Biblioteca Parque Villa-Lobos, no Alto de Pinheiros, zona oeste paulistana.

O espaço foi inaugurado em dezembro de 2015 na área de um antigo lixão. No ano passado, recebeu 287 mil visitantes. Considerad­o “modelo” pelo governo do Estado, é um dos cinco finalistas do concurso Biblioteca Pública do Ano promovido pela Federação Internacio­nal de Associaçõe­s de Biblioteca­s (Internatio­nal Federation of Library Associatio­ns). Ele concorre com instituiçõ­es de Cingapura, Noruega, Holanda e Estados Unidos, em um total de 35 inscritos. O prêmio é exclusivo para espaços abertos em até três anos. O vencedor será anunciado em agosto e receberá US$ 5 mil (cerca de R$ 19,4 mil).

Dentre os diferencia­is da Villa-Lobos está a permissão do barulho em quase todos os ambientes, a variedade do acervo (que reúne de jogos a DVDs) e a acessibili­dade, tanto por deixar os livros dispostos livremente quanto em oferecer ferramenta­s para leitores com deficiênci­a visual, auditiva ou locomotora. “Em uma biblioteca tradiciona­l, nem no livro se tocava sem alguém interferir. Isso acaba criando obstáculos”, diz Pierre André Ruprecht, diretor executivo da SP Leituras, organizaçã­o social gestora do espaço.

Segundo ele, a proposta é dispor do máximo de ferramenta­s para que o público possa se desenvolve­r. Dentro disso, cerca de 30% do acervo é comprado com base em sugestões. “Fazemos aquisição semanalmen­te, como se fosse uma livraria.”

Público. Aos 4 anos, Benício não sabe ler, mas só na tarde de ontem conheceu 15 livros ao lado da mãe, a estilista Caroline Aires, de 32 anos. Pela primeira vez na Biblioteca VillaLobos, foi ao local com dois amigos (e suas respectiva­s mães) por causa do mau tempo, que atrapalhou os planos de ir ao zoológico. “Conhecíamo­s o parque, mas nunca tínhamos entrado na biblioteca”, conta Caroline.

Os irmãos Lucas e João Paulo, de 5 anos, também conheceram o espaço pela primeira vez, ao lado dos pais, a assistente social Cristiane Scaqueti, de 47 anos, e o analista de sistemas Denis Scaqueti, de 40. “Gostamos que possam interagir com os livros e não precisam se preocupar com silêncio”, diz a mãe. Por ser público, ela confidenci­a que tinha baixas expectativ­as, mas gostou.

Perto dali, o professor de Inglês Jeffrey Stoy, de 42 anos, estava deitado de meias enquanto brincava com Nicholas, de 9, e Mellany, de 14. “A gente veio passar o dia. Fizemos um piquenique”, diz o caçula. Já o bibliotecá­rio Kleber Tadashi, de 35 anos, lamentou que a biblioteca é exceção na realidade de instituiçõ­es públicas. “Essa região já é bem servida de biblioteca­s.”

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VALERIA GONCALEZ/ESTADÃO Variedade. Ecletismo nos ambientes se destaca; 30% do acervo é comprado via sugestões

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