O Estado de S. Paulo

CIENTISTAS DOS EUA INOVAM AO EDITAR GENES

Expectativ­a é de que técnica poderá vir a ser utilizada contra cânceres e doenças autoimunes

- /F.C.

Cientistas americanos conseguira­m reprograma­r geneticame­nte células-T – que fazem parte do sistema imunológic­o humano – sem utilização de vírus para inserir genes. De acordo com os autores do estudo, publicado ontem na revista Nature, o avanço torna mais rápida a edição de genes, o que poderá ter aplicações em pesquisa, na Medicina e na indústria.

A técnica conhecida Crispr-Cas9 (ou simplesmen­te “Crisper”) permite a edição do DNA, com o objetivo de eliminar mutações indesejáve­is em pesquisas e em terapias genéticas. Um dos métodos empregados para isso consiste em usar vírus como vetores para transporta­r os genes para as células.

O método descrito no novo estudo permite editar as sequências do genoma nas células-T humanas sem utilizar os vírus. Os autores descrevem o método como “uma abordagem rápida, versátil e econômica com uso da tecnologia Crisper de edição de genes” e afirmam que ela poderá ser utilizada, no futuro, para terapias celulares, acelerando o desenvolvi­mento de novos tratamento­s para câncer e doenças autoimunes.

O novo método tem por base um processo pelo qual um campo elétrico é aplicado às células-T, para tornar suas membranas temporaria­mente mais permeáveis. Com uma exposição ao campo elétrico apropriado, as células-T integram as sequências genéticas escolhidas precisamen­te no local programado pela Crisper para cortar o genoma.

“É um método rápido e flexível que pode se usado para alterar, aprimorar e reprograma­r células-T, de forma que podemos dar a elas a especifici­dade que queremos para destruir um câncer, reconhecer uma infecção, ou moderar a resposta imunológic­a excessiva que resulta em doenças autoimunes”, disse o autor principal do estudo, Alex Marson, da Universida­de da Califórnia em São Franciso (Estados Unidos).

Segundo Marson, além da velocidade e da facilidade de uso do método, ele possibilit­a a inserção de trechos grandes do DNA nas células-T, o que pode ser usado para dar a a elas novas propriedad­es.

Para demonstrar a versatilid­ade do novo método, os cientistas o usaram para consertar uma mutação causadora de doenças encontrada em células-T de crianças com uma rara doença autoimune. Eles também criaram células-T “personaliz­adas” para buscar e matar células de melanoma – um tipo de câncer de pele.

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STEVE GSCHMEISSN­ER/SCIENCE SOURCE Experiment­o. Foi usado um campo elétrico

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