O Estado de S. Paulo

França festeja jejum de gols

Giroud não marca, o que faz lembrar o time vitorioso de 1998.

- Ciro Campos

Giroud nos deu opções no meio de campo desde o começo para criar jogadas

Didier Deschamps,

TÉCNICO DA FRANÇA

Enquanto o Brasil conviveu com a preocupaçã­o na Copa do Mundo de ter seu camisa 9, Gabriel Jesus, sem fazer gols ao longo da campanha, a França passa pela mesma situação sem se incomodar. Pelo contrário. A equipe europeia chegou à final da competição, marcada para domingo, diante da Croácia, sem festejar um gol sequer de Oliver Giroud, seu homem de área e também camisa 9. Mas o que seria motivo de desespero, esse jejum, virou amuleto da sorte.

A imprensa e a torcida francesa veem a má fase de Giroud como uma repetição do roteiro da Copa de 1998, a única vencida pela França na história da Fifa. Naquela ocasião, a equipe sofreu com a qualidade dos seus atacantes titulares. Dugarry fez só um gol e Guivarc’h (camisa 9 daquela seleção) não fez nenhum ao longo do torneio. Ambos enfrentara­m o Brasil na final e chegaram a perder oportunida­des claras para marcar.

Há 20 anos, a França tinha no banco de reservas dois atacantes jovens, Henry e Trezeguet, que fizeram uma boa competição, porém não se tornaram titulares por terem apenas 20 anos. Já Giroud é um atacante experiente, de 31, disputa pela segunda vez uma Copa do Mundo e está há seis temporadas no futebol inglês. Suas atuações, no entanto, foram defendidas pelo técnico Deschamps, que não pensa em sacá-lo do time. O treinador foi campeão em 98.

Útil. “Giroud fez um excelente jogo (contra a Bélgica). Ele nos deu opções no meio desde o começo para criar. O time da Bélgica tinha qualidade para marcar. A presença dele foi útil”, afirmou Deschamps, que tem bastante confiança no atacante, ao apostar nele e não em Benzema, estrela do Real Madrid e que sequer foi convocado.

Os franceses têm procurado coincidênc­ias da Copa atual com a de 1998 para se animar à espera do segundo título. A falta de gols de Giroud é um desses aspectos, assim como a presença de Didier Deschamps, a campanha com jogo contra a Dinamarca, a utilização de uniforme branco nas quartas de final e um gol decisivo de um defensor para colocar o país na semifinal. Mas nem precisaria­m se apegar à superstiçã­o. Afinal, nesta campanha, a seleção francesa conta com os gols e o bom futebol de Mbappé e Griezmann. Cada um anotou três vezes. Segundo as estatístic­as da Fifa, Giroud finalizou 14 vezes a gol em seis jogos, mas só acertou o alvo uma vez, com nove tentativas para fora e outras quatro bloqueadas pelo beques. Se tanto, deu uma assistênci­a para gol.

Giroud só não foi titular na estreia da França, contra a Austrália, e provavelme­nte jogará a decisão em Moscou, domingo. Se ele conseguir marcar, conseguirá fazer os torcedores se lembrarem de outra coincidênc­ia de 1998. Naquela Copa, Zidane não havia feito gol algum, chegou até a ficar fora de dois jogos por suspensão, mas, na final contra o Brasil, foi decisivo, ao marcar duas vezes.

Emoção. Os atletas e a comissão técnica da França ficaram emocionado­s na noite de terçafeira na Rússia ao ver as imagens em Paris da comemoraçã­o pela vaga da equipe na final da Copa. A festa na capital francesa deixou Deschamps emocionado e até um tanto incrédulo com o tamanho da mobilizaçã­o.

“Logo depois do jogo, vi fotos de Paris em festa. Isso me traz à cabeça grandes memórias, principalm­ente de quando joguei a Copa de 1998”, afirmou o treinador em referência ao Mundial em casa. Ele era o capitão do time, liderou a França ao único título mundial e participou das comemoraçõ­es posteriore­s, com visitas ao então presidente do país, Jacques Chirac, e desfile em carro aberto.

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LEE SMITH/REUTERS – 10/7/2018
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ETIENNE LAURENT/EFE-10/7/2018 Seca de gols. Giroud lamenta chance perdida na semifinal

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