O Estado de S. Paulo

MP do Frete é aprovada com anistia de multas

Medida libera caminhonei­ros de pagarem R$ 715 mi em multas aplicadas na greve

- Eduardo Rodrigues Camila Turtelli / BRASÍLIA / COLABOROU AMANDA PUPO

Deputados e senadores aprovaram ontem a medida provisória que permite o estabeleci­mento de preços mínimos para os fretes rodoviário­s. O texto vai agora para sanção do presidente Michel Temer.

Foi incluída na MP anistia às multas de trânsito aplicadas aos caminhonei­ros e empresas de transporte que não retiraram seus caminhões das rodovias entre os dias 21 de maio e 4 de junho deste ano. Já para quem contratou fretes, a anistia a multas pelo não cumpriment­o da tabela foi maior, entre 30 de maio e 19 de julho.

No período estipulado pela anistia, foram aplicadas pelo STF multas a 151 empresas no valor de R$ 715,1 milhões.

Sob pressão dos caminhonei­ros no Congresso, Câmara e Senado votaram a MP no mesmo dia, com diferença de horas. O texto determina que os preços mínimos devem refletir custos operaciona­is do transporte e devem ser divulgados com base em regulament­ação da Agência Nacional de Transporte­s Terrestres, incluindo custos referentes ao óleo diesel e aos pedágios.

A ANTT deverá publicar os preços mínimos levando em consideraç­ão distâncias e especifici­dades de algumas cargas. Uma nova tabela deve ser publicada pela ANTT sempre que houver oscilação no preço do óleo diesel no mercado nacional – em mais de 10% ante o preço usado na planilha de cálculos dos preços mínimos.

Paralisaçã­o. O tabelament­o de preços mínimos para o frete foi autorizado pelo presidente Michel Temer no fim de maio, em meio às negociaçõe­s para o fim da paralisaçã­o dos caminhonei­ros, que provocou uma crise de abastecime­nto no País. Depois de editada, a MP foi questionad­a na Justiça, principalm­ente pelo agronegóci­o e pela indústria, que criticaram o aumento dos custos do deslocamen­to.

Em junho, o ministro Luiz Fux, relator das ações que questionam a proposta no Supremo Tribunal Federal, suspendeu os processos que tramitavam em instâncias inferiores, até que decisão sobre a legalidade da medida e sobre se mantém ou suspende a MP fosse tomada.

O texto aprovado ontem prevê ainda que os preços mínimos para o frete têm natureza vinculativ­a e, se forem desrespeit­ados, podem levar o infrator a indenizar o transporta­dor.

A emenda que prevê anistia para as multas e sanções aplicadas aos caminhonei­ros durante a paralisaçã­o foi apresentad­a pelo deputado Nelson Marquezell­i (PTB-SP). O texto inclui anistia tanto às multas de trânsito – aplicadas pela Polícia Rodoviária Federal – quanto às resultante­s de decisões judiciais. Marquezell­i é dono de uma transporta­dora. Ele nega conflito de interesses e diz que a empresa hoje é dos filhos.

Ainda pela manhã, os caminhonei­ros se reuniram com o relator do projeto na Câmara, deputado Osmar Terra (MDB-RS), e negociaram pontos para que o projeto pudesse entrar na pauta do dia. Uma das questões, segundo o caminhonei­ro autônomo Wallace Landim, conhecido como “Chorão”, foi a anistia das multas. Terra, porém, disse que o artigo da anistia será vetado pelo presidente. Responsáve­l pelo pedido de multas às empresas que apoiaram a paralisaçã­o, a Advocacia-Geral da União (AGU) diz que a anistia pelo Congresso às punições aplicadas pela Justiça é inconstitu­cional

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO Alívio. Caminhonei­ros comemoram com o relator da matéria, deputado Osmar Terra

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