Dólar sobe 1,9% com guerra comercial
Nova restrição de Trump a US$ 200 bi em produtos chineses fez moeda chegar a R$ 3,87
Depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar tarifas extras em US$ 200 bilhões de produtos importados da China, o dólar teve um dia de fortalecimento na economia mundial ontem. No Brasil a alta foi de 1,91%, a maior desde 26 de junho, com cotação de R$ 3,87. O real foi a segunda moeda que mais perdeu valor ante o dólar, atrás apenas da divisa da Turquia.
Após a decisão de Trump, Pequim prometeu retaliar e analistas especulam que uma das formas seria sobretaxar o petróleo comprado dos EUA, o que fez as cotações da commodity despencarem 5% em Nova York e quase 7% em Londres.
Pelo 13.º dia seguido, o Banco Central não fez ofertas extraordinárias de contratos de swap (venda de dólar no mercado futuro). A instituição fez apenas a rolagem de contratos, operação que somou US$ 700 milhões.
Em meio à piora do humor no mercado internacional, o Bank of America Merrill Lynch apontou Brasil, Turquia e África do Sul como os três mercados emergentes mais frágeis entre os dez maiores países desse grupo. O estudo leva em conta indicadores fiscais, do balanço de pagamento e a evolução do Produto Interno Bruto, entre outros. O Brasil tem bons números nas contas externas, mas o lado fiscal é um dos piores. Como reflexo, o real é uma das moedas que mais perderam valor ante o dólar este ano – de 17% até agora.
Operadores de câmbio destacam que notícias negativas no País contribuíram para o real perder mais valor ante o dólar que seus pares. “Com o governo enfraquecido, o Congresso aprovou medidas de impacto fiscal negativo, enquanto a pauta econômica de reformas ficou de lado”, ressaltaram analistas da Icatu Vanguarda.
Bolsa. O Índice Bovespa fechou em baixa de 0,62%, aos 74.398,55 pontos. O bom desempenho de ações específicas, como Eletrobrás e bancos, impediu uma queda maior do principal índice da B3. Os negócios somaram R$ 9,8 bilhões.
As bolsas de Nova York recuaram desde cedo e os mercados emergentes registraram perdas ainda maiores. O índice de mercados emergentes da MSCI, composto por ações de 25 países emergentes, incluindo o Brasil, tinha queda de 1,95% por volta das 17h, bem acima da variação do Ibovespa.