Executiva deixa Uber sob acusação de racismo
Saída de Liane Hornsey, chefe de RH, é nova polêmica para a empresa, que já enfrentou escândalos de discriminação de gênero e assédio sexual
A vice-presidente de recursos humanos do Uber, Liane Hornsey, comunicou ontem sua saída da empresa em um e-mail enviado à equipe. O anúncio ocorreu depois da conclusão de uma investigação sobre a postura da executiva em relação a alegações de discriminação racial: há acusações de que Liane teria rejeitado queixas internas sobre o tema e adotado comportamentos racistas.
Liane não deixou claro o motivo para sua saída e não respondeu a pedidos por comentários. A executiva ocupava a posição há cerca de um ano e meio, período em que a empresa tentou implantar transformações no RH após ficar no centro de denúncias sobre discriminação de gênero e assédio sexual. Os escândalos culminaram na saída do então presidente executivo Travis Kalanick, que foi substituído por Dara Khosrowshahi, em agosto do ano passado.
As acusações contra Liane foram feitas por um grupo anônimo que diz ser formado por funcionários negros do Uber. Eles afirmaram que Liane fez comentários discriminatórios sobre o chefe global do Uber para diversidade e inclusão, Bernard Coleman, e que ela difamou e ameaçou a ex-executiva Bozoma Saint John, que saiu da empresa em junho. Os motivos que levaram Bozoma a deixar o aplicativo, após apenas um ano, não foram revelados.
“Essa pessoa, foi no fim das contas, a razão por trás da saída (de Bozoma) do Uber”, disseram os funcionários em um email, referindo-se a Liane, segundo informações obtidas pela agência de notícias Reuters.
Khosrowshahi escreveu um e-mail aos funcionários informando a saída da executiva, mas não fez nenhuma menção à investigação sobre racismo. O executivo inclusive elogiou a chefe de recursos humanos. “Liane é incrivelmente talentosa, criativa e trabalhadora”, disse o atual presidente do Uber. “Ela tem sido um membro valioso da minha equipe de liderança e eu desejo tudo de melhor para ela.”
Denúncia. A saída da executiva acontece semanas depois da divulgação de um outro caso de racismo no setor de tecnologia. No mês passado, o presidente executivo da Netflix, Reed Hastings, demitiu o responsável pela comunicação da companhia, Jonathan Friedland, pelo uso de termos racistas.