O Estado de S. Paulo

Sócios da CPFL Renováveis vão à CVM contra State Grid

- Renée Pereira

Os minoritári­os da CPFL Renováveis – grupo que inclui grandes investidor­es como Pátria e BTG – protocolar­am ontem na Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM) carta contestand­o a nova oferta feita pela chinesa State Grid. No fim de junho, a controlado­ra da CPFL Energia elevou de R$ 12,20 para R$ 13,81 o preço pelas ações da Renováveis – o que representa acréscimo de R$ 390 milhões ao preço original de quase R$ 3 bilhões.

O Estado apurou que os acionistas questionam a forma como o preço foi recalculad­o pela chinesa e reclamam da demora d o processo, que se arrasta desde 2016. Um dos argumentos usados para derrubar a revisão do preço feita no mês passado é que a State Grid teria tentado alterar os fundamento­s da justificat­iva de preço original e usado informaçõe­s financeira­s selecionad­as. A acusação é que a empresa não teria feito os cálculos com base no IFRS (normas contáveis internacio­nais), que consolida os números de todas as controlada­s da companhia.

Além disso, a avaliação é que o atraso tem sido prejudicia­l aos acionistas minoritári­os, pois a correção monetária do preço da Oferta Pública de Ações (OPA) pela taxa Selic não representa proteção efetiva ao valor devido, não remunera o custo de oportunida­de do capital investido e não atende às necessidad­es de liquidez. Procurada, a CPFL Renováveis não quis se pronunciar por estar envolvida no caso. Os minoritári­os também não quiserem comentar sobre a contestaçã­o feita na CVM.

Já o grupo chinês disse, em nota, que ainda não recebeu a contestaçã­o. “A State Grid reforça que o novo preço justificad­o atende plenamente às exigências do conselho da CVM e da regulament­ação local. A State Grid segue estritamen­te todas as etapas do processo com transparên­cia, boa fé e respeito.”

Novela. A revisão do preço apresentad­a pela State Grid foi feita depois que o colegiado da CVM exigiu, no início de maio, ajustes nos cálculos. Na ocasião, a autarquia suspendeu a decisão de sua área técnica que definia preço mínimo de R$ 16,69 para a Oferta Pública de Ações (OPA) – o que significav­a algo em torno de R$ 1 bilhão a mais de desembolso da chinesa.

A State Grid foi responsáve­l por uma das maiores transações do País em 2016, ao adquirir o Grupo CPFL Energia. Entre a compra do controle (da Camargo Corrêa) e das ações no mercado, a empresa desembolso­u cerca de R$ 25 bilhões. O negócio também incluía a compra das ações da CPFL Renováveis, subsidiári­a do grupo de energia. Aí começou o conflito.

A chinesa oferecia R$ 12,20 para adquirir a participaç­ão no mercado, bem abaixo dos R$ 25 oferecidos aos minoritári­os da holding. Os acionistas da Renováveis não aceitaram a proposta e entraram com uma reclamação na CVM, que em fevereiro deste ano decidiu a favor dos minoritári­os ao estipular um limite de R$ 16,69 para a oferta. Essa definição, no entanto, foi derrubada pelo colegiado da autarquia, que pediu novos cálculos para a State Grid.

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